ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...
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Egídio Romano pressupõe que tudo no universo é regido por seu superior<br />
que é Deus e isso justificaria a superiorida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r espiritual <strong>sobre</strong> o material<br />
e do sacerdócio <strong>sobre</strong> a realeza. Com estes argument<strong>os</strong>, ele estrutura sua teoria<br />
da superiorida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r papal <strong>sobre</strong> o real, acrescentando que a existência do<br />
po<strong>de</strong>r real <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> e é conseqüência do po<strong>de</strong>r papal. Afirma que a Igreja t<strong>em</strong> o<br />
domínio <strong>sobre</strong> as pessoas, o que <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, e <strong>sobre</strong> as coisas, que<br />
<strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> p<strong>os</strong>se. Difere, assim, <strong>de</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino, que pressupõe a<br />
distinção d<strong>os</strong> po<strong>de</strong>res e funções <strong>de</strong> cada um, mesmo que amb<strong>os</strong> tenham a<br />
mesma orig<strong>em</strong>, a divina. Egídio atribui a orig<strong>em</strong> do po<strong>de</strong>r material ao intermédio<br />
da Igreja.<br />
Romano.<br />
Voltaire p<strong>os</strong>iciona-se contrário a esse domínio, ao qual se refere Egídio<br />
[...] Se para Voltaire existe alguma forma <strong>de</strong> domínio político<br />
legítimo, ela não <strong>de</strong>ve encontrar seu fundamento <strong>em</strong> princípi<strong>os</strong><br />
exteriores ao hom<strong>em</strong>. O direito divino d<strong>os</strong> reis ou <strong>de</strong> qualquer<br />
outro ser é aceito <strong>em</strong> diversas socieda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> função <strong>de</strong> crenças<br />
introjetadas artificialmente nas mentes d<strong>os</strong> súdit<strong>os</strong> (MIRANDA,<br />
2003, fls. 33-34)<br />
Para Voltaire, as instituições são humanas e fruto das relações humanas,<br />
portanto, da história. Por isso, precisam<strong>os</strong> apren<strong>de</strong>r com a história e enten<strong>de</strong>r<br />
como se forjaram as crenças que n<strong>os</strong> parec<strong>em</strong> naturais. Para ele, “[...] está<br />
provado, portanto, que a natureza por si só n<strong>os</strong> inspira idéias úteis que prece<strong>de</strong>m<br />
todas as n<strong>os</strong>sas reflexões. O mesmo ocorre na moral. Tod<strong>os</strong> nós t<strong>em</strong><strong>os</strong> dois<br />
sentiment<strong>os</strong> que são fundamento da socieda<strong>de</strong>: a comiseração e a justiça”<br />
(VOLTAIRE, 2007a, p. 63).<br />
3.2. João Quidort – o po<strong>de</strong>r só é legítimo quando exercido <strong>em</strong> prol da<br />
socieda<strong>de</strong><br />
O dominicano e mestre da universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris, João Quidort (Paris 1270<br />
– Avinhão 1306), escreveu sua obra “Sobre o po<strong>de</strong>r régio e papal” entre <strong>os</strong> an<strong>os</strong><br />
1302 e 1303, no contexto da disputa entre Bonifácio VIII e Filipe, o Belo. João