14.04.2013 Views

ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

nomes <strong>de</strong> fétid<strong>os</strong> animais selvagens. Mas cada povo da Europa<br />

quer revestir <strong>de</strong> algum brilho a torpeza da sua orig<strong>em</strong>. A Espanha<br />

se gaba do seu São Fernando, a Inglaterra <strong>de</strong> seu Santo<br />

Eduardo, a França <strong>de</strong> seu São Luís. Se <strong>em</strong> Madri se r<strong>em</strong>onta a<strong>os</strong><br />

reis god<strong>os</strong>, <strong>em</strong> Paris r<strong>em</strong>ontam<strong>os</strong> a<strong>os</strong> reis franc<strong>os</strong>. Mas qu<strong>em</strong><br />

eram esses franc<strong>os</strong>, que Montesquieu <strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>aux chama <strong>de</strong><br />

n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> pais? Eram, como tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> outr<strong>os</strong> bárbar<strong>os</strong> do Norte,<br />

animais ferozes <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> pastagens, <strong>de</strong> caça e <strong>de</strong> algumas<br />

roupas contra a neve. [...] Como quer que seja, foi nessa agitação<br />

singular da Europa que <strong>os</strong> franc<strong>os</strong> vieram como <strong>os</strong> <strong>de</strong>mais tomar<br />

sua parte na pilhag<strong>em</strong> (VOLTAIRE, 2001, pp. 69-70.72).<br />

Voltaire <strong>de</strong>staca que, na busca das nações européias por suas origens, se<br />

tinha <strong>em</strong> vista a afirmação das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s que ganharam importância significativa<br />

com as centralizações monárquicas e a formação d<strong>os</strong> Estad<strong>os</strong>, a partir do século<br />

XVI, <strong>de</strong>nominad<strong>os</strong> mais tar<strong>de</strong> Estad<strong>os</strong> Nacionais. Nessa busca pelas origens das<br />

nações européias, aparec<strong>em</strong> <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> bárbar<strong>os</strong>, apresentad<strong>os</strong> por autores do<br />

século XVIII como <strong>os</strong> pais da nação. No entanto, as nações procuram encontrar<br />

outras origens que lhes tragam brilho.<br />

Destacam<strong>os</strong> aqui a importância da história para a formação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma nação. As nações européias, ao apresentar como seus pais pov<strong>os</strong><br />

bárbar<strong>os</strong>, apontam para o fato <strong>de</strong> que foram construídas ao longo da Ida<strong>de</strong> Média<br />

e não somente uma continuação das socieda<strong>de</strong>s antigas, o que lhes tiraria o<br />

próprio caráter histórico e, portanto, a própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Assim, a história se<br />

apresenta <strong>de</strong> importância ímpar porque p<strong>os</strong>sibilita a<strong>os</strong> homens e às socieda<strong>de</strong>s a<br />

consciência <strong>de</strong> si mesm<strong>os</strong>.<br />

Em relação à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>os</strong> homens apren<strong>de</strong>r<strong>em</strong> com a história, é<br />

importante fazer algumas consi<strong>de</strong>rações a respeito <strong>de</strong> um autor do século XVIII,<br />

da Prússia, Immanuel Kant (1724-1804). Em suas obras, ele também se ocupou<br />

com duas questões muito importantes para o século XVIII: o conhecimento e o<br />

probl<strong>em</strong>a da ação humana.<br />

Em uma <strong>de</strong> suas obras, Sobre a Pedagogia, Kant pressupõe que o hom<strong>em</strong><br />

t<strong>em</strong> <strong>em</strong> si condições dadas para se <strong>de</strong>senvolver e <strong>de</strong>senvolver a socieda<strong>de</strong>, e isto<br />

se dá <strong>de</strong> geração a geração pela educação e pela história: “[...] o hom<strong>em</strong> não<br />

po<strong>de</strong> se tornar um verda<strong>de</strong>iro hom<strong>em</strong> senão pela educação. Ele é aquilo que a<br />

educação <strong>de</strong>le faz. Note-se que ele só po<strong>de</strong> receber tal educação <strong>de</strong> outr<strong>os</strong><br />

homens, <strong>os</strong> quais a receberam igualmente <strong>de</strong> outr<strong>os</strong>” (KANT, 2004, p. 15).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!