ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...
ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...
ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
aseamo-n<strong>os</strong> <strong>em</strong> Oliveira (2007, p. 238, nota 172), que o <strong>de</strong>fine como a “[...]<br />
direção e organização <strong>de</strong> um dado espaço político e geograficamente <strong>de</strong>finido e<br />
não no sentido <strong>de</strong> (sic) mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> administração pública”.<br />
Em relação ao conceito <strong>de</strong> Estado é preciso atentar para as diferenças<br />
significativas <strong>em</strong> seu entendimento, comparando-se <strong>os</strong> sécul<strong>os</strong> XIV e XVIII.<br />
República. Às vezes, esse termo era usado simplesmente para<br />
significar ‘República’. Quando o contexto <strong>de</strong>ixa claro que é esse o<br />
sentido <strong>de</strong>sejado, essa é, naturalmente, a tradução que adoto.<br />
Mas outras vezes se <strong>em</strong>pregava para <strong>de</strong>signar, também, reino e<br />
principad<strong>os</strong>. Alguns estudi<strong>os</strong><strong>os</strong> <strong>de</strong> n<strong>os</strong>so t<strong>em</strong>po prefer<strong>em</strong>, nesse<br />
caso, traduzir o termo – mesmo quando se refer<strong>em</strong> a obras do<br />
século XV ou início do XVI – por ‘Estado’. Mas isso constitui um<br />
anacronismo engan<strong>os</strong>o, já que nenhum autor político, antes <strong>de</strong><br />
mead<strong>os</strong> do século XVI, jamais utilizou a palavra ‘Estado’ <strong>em</strong><br />
qualquer sentido que <strong>de</strong> perto recordasse o n<strong>os</strong>so. Por isso,<br />
preferi <strong>em</strong> tod<strong>os</strong> esses cas<strong>os</strong> seguir a praxe da época, que<br />
consistia <strong>em</strong> traduzir Respublica por ‘Commonwealth’ 29 . Isso<br />
po<strong>de</strong> soar lev<strong>em</strong>ente pretensi<strong>os</strong>o, mas parecia ser o único meio<br />
<strong>de</strong> conservar uma consistência, b<strong>em</strong> como <strong>de</strong> assinalar o fato<br />
essencial <strong>de</strong> que, no período <strong>em</strong> que se concentra esta obra, o<br />
termo Respublica ainda portava numer<strong>os</strong>as conotações<br />
normativas (basicamente, indicativas do b<strong>em</strong> comum), que<br />
<strong>de</strong>pois se esvaneceram na atm<strong>os</strong>fera cada vez mais<br />
individualista <strong>em</strong> que n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> assunt<strong>os</strong> polític<strong>os</strong> passaram a ser<br />
discutid<strong>os</strong> (SKINNER, 2006, pp.21-22).<br />
Como <strong>de</strong>staca Skinner, o uso mais corriqueiro para <strong>os</strong> autores anteriores<br />
ao século XVI seria República e não Estado. Como, ao longo <strong>de</strong>sse capítulo,<br />
estudar<strong>em</strong><strong>os</strong> alguns autores do século XIV, utilizar<strong>em</strong><strong>os</strong> a palavra Estado no<br />
sentido <strong>de</strong> direção e organização do espaço político e geográfico, <strong>em</strong> vista do<br />
b<strong>em</strong> comum, do espaço público e da riqueza pública (RIBEIRO, 2006; OLIVEIRA,<br />
2007).<br />
Outro aspecto a consi<strong>de</strong>rar é o entendimento da história <strong>de</strong> longa<br />
duração 30 . Sab<strong>em</strong><strong>os</strong> que, entre <strong>os</strong> sécul<strong>os</strong> XIV e XVIII, ocorreram inúmeras<br />
mudanças que tornaram a socieda<strong>de</strong> francesa do século XVIII completamente<br />
29 “Não havendo <strong>em</strong> n<strong>os</strong>sa língua um termo não latino (como é caso <strong>de</strong> ‘commonwealth’, <strong>de</strong><br />
orig<strong>em</strong> anglo-saxônica) que sirva ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> sinônimo e alternativa a República, tiv<strong>em</strong><strong>os</strong><br />
<strong>de</strong> usar este último tanto no sentido preciso <strong>de</strong> governo eleito quanto no mais amplo <strong>de</strong> qualquer<br />
Estado, enquanto é consi<strong>de</strong>rado do ponto <strong>de</strong> vista do b<strong>em</strong> comum, da coisa pública, da riqueza<br />
pública” (RIBEIRO, 2006, p. 11).<br />
30 “A longa duração não é forç<strong>os</strong>amente um longo período cronológico; é aquela parte da história,<br />
a das estruturas, que evolui e muda o mais lentamente. A longa duração é um ritmo lento. Po<strong>de</strong>-se<br />
<strong>de</strong>scobri-la e observá-la por um lapso <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po relativamente curto, mas subjacente à história d<strong>os</strong><br />
event<strong>os</strong> e à conjuntura <strong>de</strong> médio prazo” (LE GOFF, 2005, p 17).