ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...
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4. EDUCAR PARA A TOLERÂNCIA: O DESAFIO PARA A EDUCAÇÃO NO<br />
SÉCULO XVIII<br />
“Se a verda<strong>de</strong> não arrebata o entendimento pela sua luz,<br />
<strong>de</strong> nada lhe serve uma força exterior ”.<br />
John Locke – Carta Sobre a Tolerância<br />
A situação na socieda<strong>de</strong> francesa, <strong>em</strong> fins do século XVIII, apesar <strong>de</strong> tod<strong>os</strong><br />
<strong>os</strong> <strong>em</strong>penh<strong>os</strong> d<strong>os</strong> iluministas para levar <strong>os</strong> homens à razão, e provavelmente por<br />
isso, era <strong>de</strong> acirramento das perseguições religi<strong>os</strong>as e da intolerância,<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVI, <strong>em</strong> meio à Reforma Religi<strong>os</strong>a.<br />
Nesse cenário, Voltaire apela para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se educar <strong>os</strong> homens<br />
para a tolerância:<br />
Eu ousaria tomar a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> convidar <strong>os</strong> que estão à testa do<br />
governo e <strong>os</strong> <strong>de</strong>stinad<strong>os</strong> a<strong>os</strong> gran<strong>de</strong>s p<strong>os</strong>t<strong>os</strong> a examinar<strong>em</strong> com<br />
pon<strong>de</strong>ração se <strong>de</strong>v<strong>em</strong><strong>os</strong> <strong>de</strong> fato t<strong>em</strong>er que a doçura produza as<br />
mesmas revoltas que a cruelda<strong>de</strong> faz nascer; se o que aconteceu<br />
<strong>em</strong> certas circunstâncias <strong>de</strong>ve acontecer <strong>em</strong> outras; se <strong>os</strong><br />
t<strong>em</strong>p<strong>os</strong>, a opinião, <strong>os</strong> c<strong>os</strong>tumes são s<strong>em</strong>pre <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong><br />
(VOLTAIRE, 2000b, p. 21).<br />
Ele procura educar <strong>os</strong> homens para a tolerância por meio <strong>de</strong> um exame<br />
minuci<strong>os</strong>o d<strong>os</strong> c<strong>os</strong>tumes e opiniões adotad<strong>os</strong> ao longo da história, <strong>de</strong>monstrando<br />
como as situações históricas modificaram até mesmo esses c<strong>os</strong>tumes e opiniões.<br />
Faz um apelo a<strong>os</strong> governantes <strong>de</strong> seu t<strong>em</strong>po para que examin<strong>em</strong> com<br />
cuidado as circunstâncias que levaram <strong>os</strong> homens <strong>de</strong> outrora a tomar certas<br />
<strong>de</strong>cisões e criar certas leis. Segundo ele, a atenção às circunstâncias é<br />
necessária para que o governo p<strong>os</strong>sa ser exercido <strong>de</strong> fato <strong>em</strong> favor do b<strong>em</strong><br />
comum.<br />
Com a perspectiva do que seria p<strong>os</strong>sível para o século XVIII, Voltaire<br />
<strong>de</strong>fine seu conceito <strong>de</strong> tolerância, explicando também qual era a sua necessida<strong>de</strong><br />
na socieda<strong>de</strong> naquele momento. Segundo ele, a tolerância “[...] é o apanágio da<br />
humanida<strong>de</strong>. Som<strong>os</strong> tod<strong>os</strong> chei<strong>os</strong> <strong>de</strong> fraquezas e <strong>de</strong> err<strong>os</strong>: perdo<strong>em</strong>o-n<strong>os</strong>