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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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força e gerando a<strong>os</strong> pouc<strong>os</strong> iniciativas <strong>de</strong> contestação à Monarquia francesa. A<strong>os</strong><br />

pouc<strong>os</strong> essas idéias <strong>de</strong>smontam a crença <strong>de</strong> que “[...] erguer-se contra o rei era<br />

um crime ainda maior do que erguer-se contra o próprio pai” (LEPAPE, 1995, p.<br />

191).<br />

Para que <strong>os</strong> argument<strong>os</strong> d<strong>os</strong> autores do século XVIII tivess<strong>em</strong> aceitação e<br />

valida<strong>de</strong>, eles recorreram à história e <strong>de</strong>monstraram que o po<strong>de</strong>r do rei se tornara<br />

legítimo, uma vez que o mesmo se constituíra historicamente com o objetivo <strong>de</strong><br />

garantir pr<strong>os</strong>perida<strong>de</strong> e paz à socieda<strong>de</strong>. Ou seja, da mesma forma que a história<br />

legitimou seu po<strong>de</strong>r, po<strong>de</strong>ria torná-lo ilegítimo. A história serve assim para educar<br />

<strong>os</strong> homens, para esclarecê-l<strong>os</strong>, dar-lhes condições <strong>de</strong> analisar outr<strong>os</strong> t<strong>em</strong>p<strong>os</strong><br />

históric<strong>os</strong> e perceber que um po<strong>de</strong>r outrora legítimo po<strong>de</strong> se tornar tirânico por<br />

não ser fiel à sua função e não respeitar a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> seu processo <strong>de</strong><br />

mutação. Voltaire chama a atenção para o fato <strong>de</strong> que<br />

O termo monarca implicava originariamente a idéia <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r<br />

b<strong>em</strong> superior ao da palavra déspota: significava único príncipe,<br />

único dominante, único po<strong>de</strong>r, parecia excluir qualquer po<strong>de</strong>r<br />

intermediário.<br />

Assim, <strong>em</strong> quase todas as nações as línguas se <strong>de</strong>snaturaram.<br />

Por isso, as palavras papa, bispo, padre, diácono, igreja, jubileu,<br />

páscoa, festas, nobres, vilão, monge, cônego, clérigo, gendarme,<br />

cavaleiro e uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras já não dão as mesmas idéias<br />

que davam outrora: eis algo a que s<strong>em</strong>pre é preciso prestar<br />

atenção <strong>em</strong> todas as leituras (VOLTAIRE, 2001, pp. 9-10 – grif<strong>os</strong><br />

do autor).<br />

Ao discutir o termo monarca, Voltaire está <strong>de</strong>monstrando como a realida<strong>de</strong><br />

leva a Monarquia a assumir um caráter <strong>de</strong>spótico. Assim, ele aponta para a<br />

necessida<strong>de</strong> da história para que <strong>os</strong> homens p<strong>os</strong>sam perceber como até mesmo<br />

as palavras são históricas. A história orienta seu entendimento <strong>de</strong> como as<br />

instituições foram per<strong>de</strong>ndo sua legitimida<strong>de</strong> na medida <strong>em</strong> que se distanciaram<br />

do objetivo para o qual foram organizadas, ou seja, o <strong>de</strong> favorecer o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do b<strong>em</strong> comum.<br />

Nesse sentido, o verbete Monarquia, da Enciclopédia, é esclarecedor, uma<br />

vez que consi<strong>de</strong>ra o que seria a <strong>de</strong>cadência da Monarquia. Após apresentar<br />

vári<strong>os</strong> fatores que <strong>de</strong>monstram tal situação, finaliza:<br />

A Monarquia está perdida quando um príncipe, enganado por<br />

seus ministr<strong>os</strong>, v<strong>em</strong> a acreditar que, quanto mais pobres for<strong>em</strong>

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