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Agora que na <strong>de</strong>lícia das primeiras efusões, nesse egoísmo sublime<br />
do amante que se convolve em si para dar-se todo ao objeto amado;<br />
quando Miguel e Linda a esqueciam, e, absorvidos no mútuo afeto, a<br />
<strong>de</strong>ixavam só, erma <strong>de</strong> seu pensamento, órfã <strong>de</strong> seu mútuo afeto, ela<br />
suspirava.<br />
E esse suspiro era a tímida confidência que lhe fazia o coração, <strong>de</strong> um<br />
amor que ela sentia pela vez primeira, no momento <strong>de</strong> o per<strong>de</strong>r para<br />
sempre!<br />
- Agora vou eu! gritou Afonso perto do mastro.<br />
Ao mesmo tempo soava o alarido dos rapazes, e Berta corria<br />
arrebatadamente para Linda.<br />
Alguma coisa <strong>de</strong> extraordinário suce<strong>de</strong>ra.<br />
XIX<br />
A lágrima<br />
No vão <strong>de</strong> uma janela conversava Luís Galvão com alguns <strong>de</strong> seus<br />
convidados, entre os quais havia mais <strong>de</strong> um antigo camarada, rapaz<br />
<strong>de</strong> seu tempo.<br />
Voltados para o terreiro, observavam <strong>de</strong> longe as folias, <strong>de</strong> que<br />
tinham sauda<strong>de</strong>s; e muitos porventura invejavam ainda aos moços o<br />
prazer das estrepolias, que já lhes permitiam a gravida<strong>de</strong> dos anos e<br />
a rijeza dos músculos.<br />
- O Afonso é endiabrado!<br />
- Tem a quem sair.<br />
- Oh! Se tem! Cá o Luís foi <strong>de</strong> truz!<br />
- Um maganão chapado!<br />
- Como se enganam! retorquiu Luís a rir. Sempre fui da pacata!<br />
- Da sonsa, talvez!<br />
- O que sei é que no nosso tempo ninguém punha pé em ramo ver<strong>de</strong>!<br />
- Mas não pescava senão peixões.<br />
- Que história estão vocês aí a inventar? tornou o fazen<strong>de</strong>iro com<br />
disfarce.<br />
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