You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
encontro da amiga e camarada <strong>de</strong> infância, cuidando já encontrá-la<br />
no lugar emprazado, à sombra da figueira.<br />
Ouvindo o apito <strong>de</strong> Afonso, <strong>de</strong>itou a correr; e Miguel <strong>de</strong>speitado<br />
com a sofreguidão que ela mostrara, <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r ao<br />
camarada como costumava.<br />
Chegou Berta à precinta do prado, justamente quando os dois<br />
irmãos iam <strong>de</strong>saparecer na vereda por on<strong>de</strong> tinham vindo.<br />
- Linda!<br />
- Ah! Berta! Eu não disse que ela vinha!<br />
- Chegou agora, acudiu Afonso. Que dorminhoca!<br />
- Hoje não quero graças com o senhor! replicou Berta comum<br />
sério petulante.<br />
- Deveras! Pois estamos mal.<br />
- Veio sozinha?<br />
- Miguel aí vem; está se fazendo <strong>de</strong> rogado. Olhe!<br />
Com efeito, Miguel apareceu da outra banda da esplanada.<br />
- Quer campar <strong>de</strong> sério; mas aquilo é um maganão! Sonso<br />
como ele só; parece com certa pessoazinha que cá sei.<br />
- Está bom, mano, eu lhe peço! balbuciou Linda acesa em<br />
rubores.<br />
- Então Miguel, chegas ou não chegas? Queres um cavalo para<br />
a viagem. Aqui tens.<br />
E o faceto rapaz apanhando um ramo seco, fez <strong>de</strong>le um cavalo<br />
<strong>de</strong> pau, e lá se foi galopando oferecer a montaria ao camarada.<br />
- Sai! Não estou para brinca<strong>de</strong>iras, disse Miguel.<br />
- Que têm você hoje? Chegam aqui ambos <strong>de</strong> nariz torcido...<br />
Acaso viram borboleta preta no caminho?<br />
- Assim, Afonso, brigue com ele! exclamou Berta batendo com a<br />
mão direita fechada na palma da mão esquerda. Eu cá já estou<br />
contente; vi um passarinho ver<strong>de</strong>!<br />
- Mas vamos a saber, Miguel! Se é comigo que você está<br />
zangado, diga a razão. Que lhe fiz eu?<br />
Tão franca era a fisionomia <strong>de</strong> Afonso ao proferir estas<br />
palavras, e tão cordial afeto ressumbrava <strong>de</strong> sua voz, que Miguel<br />
correu-se <strong>de</strong> seu injusto ressentimento contra o amigo, e <strong>de</strong> todo lhe<br />
<strong>de</strong>svaneceram no coração os ressaibos <strong>de</strong> ciúme, que o pungiam.<br />
- Engano seu, Afonso. Não estou zangado com você. Vinha<br />
pensando em uma coisa <strong>de</strong>sagradável, mas já se foi, respon<strong>de</strong>u<br />
Miguel com um sorriso <strong>de</strong> efusão, apertando comovido a mão do<br />
camarada.<br />
- Ai! Ai! Cuido que houve sua briga entre os dois! Não lhe<br />
parece, Linda?<br />
- Não sei; por que haviam <strong>de</strong> brigar?<br />
- Pois eu lhe digo o que foi, acudiu Inhá. Miguel quis <strong>de</strong>ixar-me<br />
no caminho e ir caçar!<br />
- Ah! exclamou Linda, com um trêmulo na voz maviosa. Não<br />
queria vir!<br />
32