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- Eu fico mesmo tão assustada quando Inhá vai para aquelas<br />
bandas! Não é graça, não!<br />
- Por que?... Tem medo que o tutu me pape? Ele que se meta<br />
em bulir comigo e verá! Olhe, mãezinha, eu agarro-o pelas orelhas,<br />
assim; e meto-lhe um cipozinho, zás, zás, zás, que ele vai por aí<br />
gritando, ui, ui, ui!...<br />
Nova gargalhada <strong>de</strong> nhá Tudinha, que já sentada no banco<br />
junto à mesa foi obrigada a erguer-se para apertar as ilhargas<br />
temendo estalassem com as embigadas que lhe fazia dar o frouxo<br />
riso.<br />
A esse tempo chegara Berta à porta e chamou o Brás, que se<br />
<strong>de</strong>ixara ficar no meio do quintal, a alguns passos da casa, com os<br />
olhos fitos no lugar on<strong>de</strong> sumira a menina a quem ele acompanhava.<br />
Depois que Berta com seu <strong>de</strong>svelo e afago dissipou os violentos<br />
paroxismos da convulsão em que se estorcia o rapaz, e foi-se a crise<br />
acalmando, procurou ela adormecê-lo, cerrando-lhe docemente as<br />
pálpebras.<br />
Da posição em que estava junto à tapera da Zana, <strong>de</strong>scobria-se<br />
uma volta da senda tortuosa que enredava-se pelas faldas<br />
ensombradas <strong>de</strong> um serrote. Des<strong>de</strong> algum tempo seus olhos<br />
voltavam-se a espaços naquela direção, e agora, amiú<strong>de</strong>, com certa<br />
impaciência.<br />
Vendo o rapaz quase adormecido, repousou-lhe a cabeça em<br />
uma leiva <strong>de</strong> grama, e adiantou-se pelo trilho além, parando às<br />
vezes, para <strong>de</strong>pois continuar.<br />
Havia andado já gran<strong>de</strong> extensão, quando reparou que fazia-se<br />
tar<strong>de</strong>; e malograda sua esperança retroce<strong>de</strong>u ao lugar on<strong>de</strong> tinha<br />
<strong>de</strong>ixado o Brás. Este porém já ali não estava; apenas se afastara a<br />
menina, que ele abrira os olhos, e agachado, lhe seguira<br />
sorrateiramente e <strong>de</strong> longe os passos.<br />
Quando viu o rumo que ela tomava, um movimento <strong>de</strong> ira<br />
escapou ao monstrengo, que atirou ao vento os murros das punhadas<br />
convulsas, arquejando <strong>de</strong> raiva. Rastejou então como um réptil, por<br />
meio da relvagem, e sumiu-se nas entranhas da terra.<br />
Metera-se ele em uma espécie <strong>de</strong> fojo que tinha recentemente<br />
praticado em um barranco atufado <strong>de</strong> junças, e a cuja borda passava<br />
o trilho. Aí cavava o chão, com as unhas aduncas, e como tomado <strong>de</strong><br />
um frenesi; até que percebeu, por uma repercussão da cova, o passo<br />
<strong>de</strong> Berta que voltava.<br />
Vendo-o com as mãos cheias <strong>de</strong> terra, e a roupa suja <strong>de</strong><br />
arrastar-se pelo chão, a menina o ralhou brandamente e conduziu-o à<br />
casa on<strong>de</strong> acabava <strong>de</strong> chegar.<br />
- Venha almoçar! disse Berta da porta.<br />
- Não quero!<br />
Esta resposta do menino, <strong>de</strong>u-a ele com sua fala particular, que<br />
era uma rouca explosão da voz, <strong>de</strong>spedida em ásperas e bruscas<br />
articulações, como o rugido <strong>de</strong> um animal, ou a blateração <strong>de</strong> um<br />
surdo-mudo.<br />
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