16.06.2013 Views

Til – José de Alencar

Til – José de Alencar

Til – José de Alencar

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

- Não, meu maninho do coração, não se zangue. Eu prometi a<br />

Berta que hoje havia <strong>de</strong> ir sem falta. Ela está nos esperando. Vamos;<br />

sim?<br />

- Primeiro há <strong>de</strong> por as mãos e dizer comigo: - “Meu<br />

Afonsinho...”<br />

- “Do meu coração...”<br />

- “Eu lhe peço e rogo... que me leve... on<strong>de</strong> está...”<br />

- On<strong>de</strong> está Berta! disse rapidamente a menina que ia<br />

repetindo a palavra do irmão.<br />

- “On<strong>de</strong> está” insistiu o rapaz uma e duas vezes.<br />

Afinal Linda ce<strong>de</strong>u:<br />

- On<strong>de</strong> está...<br />

- “Meu benzinho!” concluiu o rapaz.<br />

Banhou-se a menina em ondas <strong>de</strong> púrpura.<br />

- Ah! Mano! disse Linda com um melodioso queixume.<br />

- Assim é que se ensina uma sonsinha! replicou o moço a rir.<br />

- Você me paga! tornou a irmã com um pequeno assomo <strong>de</strong><br />

revolta. Tenho um certo segredo a para contar a Berta...<br />

- Segredo <strong>de</strong> mulher! galhofou o irmão.<br />

- Vou dizer-lhe que não se importe com gente ingrata; e como<br />

só eu é que me lembro <strong>de</strong>la, não tome o trabalho <strong>de</strong> vir cá para verme,<br />

porque eu não tenho mais com quem passear.<br />

- Você é capaz?<br />

- Sou.<br />

- Uma aposta?<br />

- Não quero; você logra-me sempre.<br />

- Também tenho uma coisa para dizer.<br />

- A quem?<br />

- Não sabe? Faça-se <strong>de</strong>sentendida. A Miguel.<br />

- O que é?<br />

- Que uma certa pessoinha, a qual eu não <strong>de</strong>scobrirei... que<br />

essa pessoinha me pediu para... para dar um... a ele já se sabe...<br />

um...<br />

- Mano! Não gosto <strong>de</strong>stas graças!<br />

- Um beliscão, menina!<br />

- Você ia dizer outra coisa.<br />

- Ou é você que queria ouvir outra coisa?<br />

- Está bom; me <strong>de</strong>ixe.<br />

Desta vez agastada, Linda afastou-se, voltando as costas ao<br />

irmão.<br />

Acompanhou-lhe Afonso o movimento com um ar galhofeiro; e<br />

aproximando-se <strong>de</strong>vagarinho, nas pontas dos pés, enlaçou <strong>de</strong><br />

repente em um abraço o corpo gentil da moça.<br />

- Ai da pombinha! Como está tão jururu! Quem foi que arripiou<br />

sua pena, minha rola? Prrru!... Coitadinha! Deixe ver o biquinho!<br />

Estas palavras eram o mote das carícias que fazia o Afonso à<br />

irmã, alisando-lhe os cabelos castanhos que a brisa espalhara,<br />

amaciando-lhe a mimosa cútis da face, e por fim puxando-lhe o botão<br />

28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!