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Til – José de Alencar

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Ansiosa, pois, esperava Miguel, que havia uma semana, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

São João, furtivamente vinha todas as manhãs até à cerca da horta<br />

para vê-la por entre as árvores.<br />

Nessa manhã, avistando-o <strong>de</strong> longe, Linda correu ao quintal, e<br />

trêmula aproximou-se da cerca, além da qual se ocultava o moço. Ali,<br />

<strong>de</strong>fronte, um do outro, os dois amantes não se animavam a quebrar<br />

o silêncio, nem mesmo a se olhar.<br />

- Linda!... murmurou o moço afinal.<br />

- O senhor não sabe? interrompeu a voz trêmula da menina. Vamos<br />

para o Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

- A senhora?... exclamou o rapaz sucumbido.<br />

Linda soltou uma exclamação <strong>de</strong> susto. D. Ermelinda, vendo a filha<br />

passar, a acompanhara e surpreen<strong>de</strong>ra os dois amantes.<br />

Não se irritou a senhora, que viu a aflição pintada no rosto da filha.<br />

Ao contrário, abraçando-a com ternura, chamou a Miguel, o qual<br />

procurava escon<strong>de</strong>r-se à sua vista. Aproximou-se o moço, pálido e<br />

confuso, para ouvir estas palavras pronunciadas com um tom <strong>de</strong><br />

meiga severida<strong>de</strong>:<br />

- Diga a<strong>de</strong>us a Linda, Miguel; mas para sempre! Ela não po<strong>de</strong><br />

pertencer-lhe!...<br />

O moço abraçou Linda e partiu soluçando. A menina escon<strong>de</strong>u o<br />

pranto no seio da mãe, que a furto enxugava os olhos.<br />

XXVIII<br />

O congo<br />

A cida<strong>de</strong> da Constituição, outrora vila da Piracicaba, assenta nas<br />

rampas <strong>de</strong> uma colina que se enleva à margem do rio.<br />

No centro, e sobre a esplanada, fica a praça da matriz, cercada por<br />

bons edifícios, entre os quais a veneração do povo aponta, como<br />

relíquia histórica, a vasta casa que foi <strong>de</strong> Costa Carvalho, o ilustre<br />

marquês <strong>de</strong> Monte-Alegre.<br />

Fronteira à matriz, mo<strong>de</strong>sta igreja <strong>de</strong> uma torre, está a casa da<br />

câmara, construída ao uso antigo, com seu campanário no meio e as<br />

enxovias ao rés do chão, inteiramente isolada dos outros edifícios.<br />

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