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amália rodrigues - Universidade Aberta

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AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

“e vim morrer na própria pátria do crime” que não mata sequer a sede dos<br />

seus filhos: “entre ambos galopa um rio que não passa à minha porta”. Mas,<br />

no entanto, se o poeta é forçado, ou não tem coragem, de se exilar da<br />

sua terra-país, não há quem cale o seu protesto e descontentamento:<br />

“A farda dos bandoleiros, não consinto que ma vistas”.<br />

Entre um povo de que se reclama e a que pertence, o poeta afirma<br />

assim a sua rebeldia e singularidade.<br />

Em “Prece” deparamo-nos com um amor inusitado pela terra onde se<br />

nasceu e o patriotismo exacerbado que o faz desejar morrer no país<br />

que adora e reclama como seu 107 .<br />

“ Povo que Lavas no Rio” é a afirmação telúrica de pertença a um povo<br />

que jamais se deixa comprar ou vender e que não abdica da sua<br />

identidade e raízes 108 .<br />

Trata-se de uma nação que espera por homens providenciais que, em<br />

sua substituição, o façam (um dos princípios do sebastianismo de<br />

carácter messiânico):<br />

“ Povo, povo eu te pertenço/deste-me alturas de incenso/mas a tua vida não”.<br />

“Fandangueiro” é um hino de amor, canto ao “Fandangueiro”,<br />

identificado com um jovem do povo, de corpo gentil e bem lançado, “flor<br />

107<br />

Amália, durante o PREC em que tão maltratada foi, recusou-se sempre a<br />

transferir a sua morada para outro país, sentido telúrico de pertença e de<br />

enraizamento na própria terra de que se não aceita, apesar de todas as dificuldades,<br />

estar ausente:<br />

“Das mãos de Deus tudo aceito, mas que eu morra em Portugal”.<br />

108<br />

Amália, como este povo, nunca se resignou, mas também não foi capaz de lutar por<br />

um futuro melhor, conforme entrevista ao Dr. Tito Lívio.<br />

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