amália rodrigues - Universidade Aberta

AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!
- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -
Escrever sobre Amália é mais do que falar sobre uma grande artista
ou uma grande voz. É escrever sobre a saudade, os portugueses e
Portugal.
Neste breve item convido-vos a penetrar num universo diferente
daquele em que estamos habituados a situar Amália: o universo
tradicional do Fado. Este outro universo, a que nos atrevemos chamar de
literário, mostra-nos uma mulher profundamente triste, magoada,
nostálgica e , por vezes, resignada com a sua própria Vida e Morte.
Dizia muitas vezes:
“ Eu escrevo para falar com a Vida. Tem-me sido tão trágica. Viveu-me de
tal modo que, por vezes, chego a não saber o que fui, quem sou e no que me
tornarei. E isto é terrível. Assusta-me. Deixo-vos estes versos como
testemunho da minha tristeza, da minha solidão, do meu medo e também de
alguma (rara) alegria. Obrigado por os lerem e desculpem lá qualquer
coisinha mas eu não sou, nem nunca fui uma mulher letrada. As coisas
acontecem-me assim, do nada, simples, naturais, inocentes, talvez como eu
naturalmente sou.” 133
Amália Rodrigues
O sub-capítulo intitulado O TRÁGICO – O FATALISMO E A SOLIDÃO
NA POESIA DE AMÁLIA faz a análise de alguns dos seus poemas mais
133 RODRIGUES, Amália , VERSOS, 1ª edição, Lisboa, Edição Cotovia, 1997.
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