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amália rodrigues - Universidade Aberta

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AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

De repente, a polémica instalou-se. Reacção de uma elite<br />

intelectual que da arte tem uma visão aristocrática e classista,<br />

declarando, como um dogma, que Camões não era compatível com o<br />

Fado e, portanto, com o povo e um género musical popular.<br />

Em Junho de 1965, foi editado o LP Fado Português, onde<br />

Amália canta os célebres sonetos de Camões, “Erros Meus”, “Lianor”,<br />

“Dura Memória”, com música de Alain Oulman, divulgando o seu poeta<br />

muito amado o que, curiosamente, não suscitou grande impacto. Porém,<br />

quando, em Outubro desse ano, apareceu o disco de 45 rotações,<br />

“Amália Canta Luís de Camões”, gerou-se uma polémica à volta da<br />

fadista, que foi crescendo, a ponto de o Diário Popular, em 23 de<br />

Outubro de 1965, ouvir sobre o assunto várias personalidades<br />

importantes da vida portuguesa tais como: o professor Hernâni Cidade,<br />

o escritor David Mourão-Ferreira, o compositor Alain Oulman, o<br />

escritor José Cardoso Pires, o poeta Alexandre O’Neill, o escritor<br />

José Gomes Ferreira, o jornalista Urbano Rodrigues, a fadista Maria<br />

Teresa de Noronha e o artista plástico Júlio de Sousa 65 .<br />

As opiniões não foram unânimes. Como é natural, uns concordaram,<br />

outros manifestaram-se contra.<br />

Mas, quer queiramos quer não, a música, que Alain Oulman fez para<br />

Amália, permitiu-lhe finalmente cantar os poetas que amava e que não<br />

conseguira levar até ao Fado. Foi precisa muita coragem e muita<br />

65 In, O Diário Popular, AMÁLIA canta CAMÕES, Lisboa, 1965, pp. 6-7.<br />

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