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amália rodrigues - Universidade Aberta

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AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

“Se eu soubesse/ Se eu soubesse que morrendo/ Tu me havias/ Tu me<br />

havias de chorar/ Uma lágrima/ Por uma lágrima tua/ Que alegria/ Me<br />

deixaria matar” 143 .<br />

Como se, aliás, o amor, vencendo a solidão, tivesse o preço da morte.<br />

Amália sabia a efemeridade das coisas e dos sentimentos.<br />

Passemos talvez ao mais trágico poema de Amália Rodrigues,<br />

“Grito”. Dos mais dramáticos escritos por Amália, ultra-romântico,<br />

dolorido, pleno de sentido, termina com a presença da Morte que tanto<br />

peso teve na sua obra, como sombra tutelar do ser, destino trágico<br />

paradoxal para quem tanto recebera e dera à vida , sua e de todos os<br />

que a admiravam:<br />

“ (...) E eu/ A quem o céu esqueceu/ Sou a que o mundo perdeu/ Só choro<br />

agora/ Que quem morre já não chora (…) Adeus/ Vida que tanto duras/ Vem<br />

morte que tanto tardas/ Ai como dói/ A solidão quase loucura” 144 .<br />

Em “Sofrendo da alma”, lê-se a ambição do poeta que tudo deseja e<br />

quer, que finge, que sente, e nos espanta com a dor dos seus<br />

sentimentos, confusa fórmula que só uma rara e única sensibilidade<br />

pode explicar. Pode imaginar-se um estado de alma, mas só se consegue<br />

conhecimento e autenticidade quando dele nos conseguimos apropriar.<br />

Essa é a verdadeira tragédia da vida dos poetas:<br />

“ Mais do que o corpo é a alma/ É a alma que me dói/ Que foi sofrendo da<br />

alma/ Que a minha vida se foi” 145 .<br />

143 Idem, pp. 277-278.<br />

144 Idem, pp.275-276.<br />

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