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amália rodrigues - Universidade Aberta

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AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

dezoito anos. (...) Andava sempre a querer matar-me. Queria fazer-lhes<br />

pena”. 173<br />

Era também uma mulher com uma atitude de vida pessimista e<br />

reticente. Não acreditava em nada a partir do momento em que teve<br />

consciência que tudo morria; achava que nada valia a pena. Daí, a<br />

aceitação passiva do que a vida lhe dava e a sua opção de não lutar por<br />

nada nem por ninguém:<br />

“ Desde que existe morte, imediatamente a vida é absurda. Sempre pensei<br />

assim. Sempre tive pensamentos tristes. (...) Toda a minha vida tem sido uma<br />

dúvida. Tenho passado a vida a pedir desculpa daquilo que sou, a desfazer<br />

tudo. (...) Não me permito a mim mesma certas coisas, tenho vergonha de<br />

mim. (...) Do meio do fado também nunca fui. Sou do povo por condição. Não<br />

tenho orgulho nem pena.” 174<br />

Amália tinha igualmente medo da vida e da morte. Para ela as dores<br />

mais profundas nada tinham a ver com as pessoas. As suas dores mais<br />

profundas vinham precisamente da incompreensão do mundo. Era o<br />

medo habitual que tinha da vida e da morte. A comprová-lo a ‘corte’ de<br />

amigos que se rodeava por medo da solidão e o protelar sempre o<br />

momento de se deitar, exigindo, em cada noite a presença de algumas<br />

pessoas junto de si já que tinha medo de morrer durante o sono:<br />

173<br />

SANTOS, Vítor Pavão dos, Biografia de Amália Rodrigues, 1ª edição, Lisboa,<br />

Contexto editora, 1987, pp. 15-16.<br />

174<br />

Idem, pp. 15 e 196.<br />

157

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