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amália rodrigues - Universidade Aberta

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AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

Por tudo isto, e por uma voz única, instrumento catalizador da alma<br />

mais profunda do povo português, ela foi amada e reconhecida como um<br />

símbolo nacional, a voz de todo um povo, não só nos poetas que cantava,<br />

mas também nesse jeito tão seu de expressar sentimentos e emoções<br />

que, como nação, nos pertencem. Daí a sua morte, no final de um século,<br />

não só ser sentida como a perda de uma referência fundamental da<br />

nossa afectividade e cultura, mas também de uma época, como o viria a<br />

reconhecer o próprio Eduardo Lourenço:<br />

“ O Portugal deste fim de século já não é o de Amália. Enterrá-la-á segundo<br />

o seu ritual, não o dela. Arrebatá-la-á, com cantos e flores a uma morte sobre<br />

quem ela vogou intrepidamente sob a máscara de nossa senhora da tristeza.<br />

O século não vai para tristezas. Demais as teve” 201 .<br />

Amália veio ainda reconciliar a Cultura com o Fado, criar-lhe um mais<br />

vasto público, convertendo-o num fenómeno transversal a várias faixas<br />

etárias, sociais e culturais, bem como, fazendo-o sair deste país à<br />

“beira-mar plantado”, ultrapassando fronteiras, convertê-lo em um<br />

cartão de visita da expressão e cultura portuguesas, um dos mais<br />

cotados produtos “Made in Portugal”. Sem nunca sacrificar a sua<br />

intrínseca qualidade.<br />

201<br />

In, O Público, A morte de Amália Rodrigues: Portugal despede-se de si mesmo,<br />

Lisboa, 1999, p.3.<br />

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