amália rodrigues - Universidade Aberta

AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!
- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -
significativos, procurando averiguar que personalidade e alma neles se
projectam e espelham.
Amália não é só um mito; ela é igualmente um fenómeno significante.
Fenómeno de fidelidade a si própria e de incessante progressão dos seus
dons, neste caso específico, o de poeta de uma temática pessoal e
nacional como mais à frente explicitamos 134 . Um fenómeno de instinto,
de inteligência, de frescura, de vontade, um fenómeno também de
exigência e de bom gosto. Melhor dizendo: múltiplos fenómenos, sempre
e cada vez mais inscritos sob as leis da renovação, o signo da inquietude,
a fidelidade a si mesma. Conheçamos pois a outra Amália: a poetisa,
melhor dizendo, a ‘versejadora ‘, como ela própria se intitulava.
Com que voz cantou Amália ao longo de seis décadas? Com que voz
arrebatou plateias em todo o mundo? Com que voz chegou a todos os
corações? Com que voz expandiu Camões, José Régio, Guerra
Junqueiro, David Mourão-Ferreira, O’Neill, Manuel Alegre, José Carlos
Ary dos Santos, Afonso Lopes Vieira, Vasco de Lima Couto e Pedro
Homem de Mello? Com que voz deu força a versos de Silva Tavares,
Alberto Janes, Norberto de Araújo, Linhares Barbosa, Frederico de
Brito, Amadeu do Vale, José Galhardo, Artur Ribeiro, António de
Sousa Freitas, Armando Vieira Pinto? Com que voz Amália cantou os
seus próprios versos?
134 Ver página 136, análise do poema “Faz-me pena”.
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