24.06.2013 Views

amália rodrigues - Universidade Aberta

amália rodrigues - Universidade Aberta

amália rodrigues - Universidade Aberta

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

dolorosa da sua existência, como capítulo final foi coerente com a sua<br />

Vida.<br />

Assim se compreende o desejo, frequentemente expresso por<br />

Amália, de que a chorassem depois da sua morte. O choro reflecte a<br />

dor da perda de alguém que amamos profundamente. E, mesmo depois<br />

de morta, como lenda que é, Amália continua a estar viva no coração e<br />

na memória do seu público:<br />

“ Cheguei ao fim/ Mas se alguém gosta de mim/ Algo de mim sobrevive” 146 .<br />

Em “Adeus Amigos” constatamos uma despedida muito dolorosa e<br />

consciente. O sujeito poético confessa a incompreensão dos que o<br />

rodeiam, com uma lucidez que só compreende quem acompanhou o<br />

percurso de uma artista que não cabia nas estreitas fronteiras do seu<br />

país:<br />

“ A vida que não se vive/ Chamo eu à vida que tenho/ Adeus amigos que<br />

tive/ Vou embora, já não venho” 147 .<br />

Quem privava, de perto, com Amália, interrogava-se como lhe era<br />

possível suportar o peso esmagador e sufocante da gente que a<br />

rodeava e raramente estava à sua altura. Era toda uma corte que vivia<br />

antropofagicamente do brilho e da generosidade de uma mulher que<br />

não sabia viver sozinha porque colada, como uma segunda pele, a uma<br />

imensa solidão.<br />

146<br />

Idem, pp. 273-274.<br />

147<br />

Idem, p.269.<br />

140

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!