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amália rodrigues - Universidade Aberta

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AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

Vários foram os poemas que ofereceu à sua voz: “Maria Lisboa”,<br />

“Primavera”, “Libertação”, “Sombra”, “Barco Negro”, “Abandono”. 117<br />

David Mourão-Ferreira fala-nos da revolta e da denúncia, ao<br />

escrever para Amália “Abandono” que se encontra registado num disco<br />

gravado em 1962 no Reino Unido pela editora Discos Columbia/Valentim<br />

de Carvalho.<br />

Como metáfora é, no seu sub-texto, um hino a todos os presos<br />

políticos encerrados no antigo Forte de Peniche. Por tal, ficou também<br />

conhecido pelo “Fado de Peniche”. A mensagem nele implícita é clara e<br />

comovente. Por pensarem de outra maneira, os presos eram levados ‘a<br />

meio da noite’ sem qualquer tipo de testemunha, para longe, sem deixar<br />

rasto. Homens e Mulheres habituados a pensar, a dialogar, a respirar,<br />

viam-se de repente encerrados, longe de tudo e de todos. A solidão era<br />

a sua melhor companhia e amiga. A tortura e o isolamento os seus<br />

maiores inimigos. No entanto, a solidão/o silêncio eram quebrados por<br />

algo que não lhes podia ser roubado: os sons do vento e do mar:<br />

“Ao menos ouves o vento!/Ao menos ouves o mar!”.<br />

Pior era a angústia de quem ficava, esperando-os.<br />

Poema de homenagem também ao compositor Alain Oulman que,<br />

sentiu na pele e no espírito, o amargo da prisão política e da solidão,<br />

chegando-lhe mesmo a custar a expulsão de Portugal 118 .<br />

117 Idem: Livro de honra do espectáculo comemorativo dos 50 anos de carreira<br />

artística de Amália Rodrigues com a presença de sua excelência o Presidente da<br />

República, Dr. Mário Soares, Lisboa, 8 de Janeiro de 1990.<br />

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