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amália rodrigues - Universidade Aberta

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AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

cria, semiologicamente, uma atmosfera que progressivamente se vai<br />

adensando até adquirir os contornos de um final trágico:<br />

“ Tive um amor/ triste sina!/ amar é perder alguém(…)/ coração porque és<br />

verde/ porque és tão verde não sei.”.<br />

Tal como Garcia Lorca, Pedro Homem de Mello teve que viver, na<br />

clandestinidade, os seus amores de vertente homossexual que, dados<br />

os interditos de uma Espanha e de um Portugal profundamente<br />

castradores, em termos religiosos e sociais, tinham que conduzir a um<br />

final trágico como aliás se detecta na poesia, de vertente intimista e<br />

confessional, de ambos. A similitude de suas vidas encontrou<br />

naturalmente paralelo na sua obra poética.<br />

Ainda há um outro lado da coerência consigo próprio que faz com que<br />

se tenha de pagar por um amor marginal, “à margem da lei.”.<br />

Se todos o condenam - “amigos são inimigos ”, o amante, no entanto,<br />

julgar-se-á inocente porque o acto de amar, seja quem fôr o amado,<br />

nunca é condenável: “só eu de verde fiquei ”. E é aqui que o poeta se<br />

sente à margem da opinião pública, como em “Gondarém”, quando diz :<br />

“ A farda de contrabandista/não há ninguém que ma vista.”<br />

É afinal, o triunfo da singularidade, da escolha, sobre o poder<br />

normativo da moral que representa a voz da colectividade, o chamado<br />

senso comum.<br />

“Cuidei que tinha morrido” é um poema em que o sujeito poético, ao<br />

ver-se no espelho do ribeiro, se confronta, pela primeira vez, com a<br />

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