amália rodrigues - Universidade Aberta

AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!
- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -
simplicidade e a lealdade. Só no campo era feliz. Adorava o Alentejo
onde havia calor e a brisa cheirava a estevas. Gostava de colher flores,
falar com elas e brincar com os pássaros. Aqui visualizamos o lado
ingénuo/infantil de Amália, e a sua enorme ligação à terra e ao
contacto com a natureza.
A simplicidade de Amália, o seu lado solar, identifica-se com os
versos por si escritos e cantados. Os temas neles encontrados são: a
natureza, o mar, as flores, as árvores, os legumes, os animais
domésticos e marinhos, o amor (no sentido luminoso do termo), um lado
religioso de cariz popular:
“ Agora só me visto para ir ao campo apanhar flores. (...) Até pintei a minha
casa pequenina, no Alentejo, toda de flores por fora. Eram malmequeres de
todas as cores, e depois, ia para longe, para ver aquelas flores todas a
olharem para o mar e o mar a olhar para elas”) 179 e (“ Eu gostava de ser
cigana, porque gosto da raça, cantam bem, dançam bem, são livres, vivem no
campo onde há a natureza, as flores, o sol, tudo o que eu gosto”. 180
A memória de Amália perdura. A prová-lo está o interesse crescente
pela sua carreira, o assombro com que os portugueses ainda hoje
tomam conhecimento dos muitos palcos que pisou e a dimensão
internacional que teve, bem como as edições qualificadas de CDs, com
investigação de arquivos e contextualização.
179
SANTOS, Vítor Pavão dos, Biografia de Amália Rodrigues, 1ª edição, Lisboa,
Contexto editora, 1987, pp.192-193.
180
Idem, p. 196.
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