amália rodrigues - Universidade Aberta

AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!
- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -
O Fado para Amália surge como um condão. Começou para ela como
uma cantiga e acabou por ser uma forma de vida com que se
identificou. Apelidando-a até de uma estranha forma de vida.
Esta mulher só, no meio de uma grande multidão, dependia do seu
público, dos seus aplausos, do seu canto para viver. Eternamente
rodeada de tanta gente, Amália via-se cada vez mais isolada de tudo e
de todos.
Para ela cantar era uma forma de exorcizar todos os medos, receios
e pânicos. Para ela cantar significava viver. As letras dos seus fados
projectavam o seu estado de alma.
Amália aceitou o seu destino como uma vontade de Deus, reflexo de
um catolicismo primitivo que, de olhos postos numa vida além-túmulo,
conduz as pessoas e, conduziu-a a ela, à resignação e a tomar as dores
e o sofrimento como uma espécie de penitência para os seus inúmeros
‘pecados’: “Foi por vontade de Deus/Que eu vivo nesta ansiedade/Que todos
os ais são meus/Que é toda minha a saudade...”.
A Amália ‘ trágica ’ identifica-se plenamente com as temáticas por
ela cantadas no seu lado lunar: o medo, a morte, a solidão, o desespero,
a angústia, a loucura, as penas, o grito.
Como todos os grandes ‘mitos’, Amália teve por companheiras a
solidão e a morte. Ao ver-se privada de cantar por questões de saúde,
Amália refugiou-se em lembranças e recordações de um passado que já
não podia voltar. Isolou-se cada vez mais do mundo e da sociedade para
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