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amália rodrigues - Universidade Aberta

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AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

“ Sardinha que anda no mar/Deve andar consoladinha/ Tem água sabe<br />

nadar/ Quem me dera ser sardinha” 160 .<br />

Mais uma vez, estamos perante um poema repleto de imagens, cores<br />

e cheiros. Falamos de “Asa de Vento”.<br />

Dá-se aqui como que uma simbiose entre a Natureza/Terra e a<br />

Natureza/Mulher.<br />

Como Natureza/Terra apresenta-se-nos repleta de flores, de água<br />

fresca, de planícies, de praias, de perfumes, de fruta madura, de<br />

ervas:<br />

“Sou charneca sou monte/.../Sou água fresca/.../Sou o cheiro das<br />

flores/.../Flor de Alecrim/Ramo de jasmim/Sou papoila/Encarnada/Sou flor<br />

de Primavera/.../Planície aberta/.../Sou manhã perfumada/.../Verde fruta<br />

colhida/Erva cidreira/.../Praia deserta/.../Abandonada/.../Roseira brava” 161 .<br />

Como Natureza/Mulher apresenta-se-nos como mãe do sofrimento,<br />

ilha abandonada, lágrima perdida, roseira brava sem destino nem sorte,<br />

à mercê de uma simples asa de vento.<br />

Terra e Mulher, duas Naturezas por vezes tão opostas, mas tão<br />

próximas.<br />

Assim as sentiu a autora, numa concepção panteísta da Vida.<br />

Assim as registou no papel como testemunho indestrutível.<br />

É curioso vermos o jogo de palavras utilizado no poema “Tenho uma<br />

cabra cabrita”. Recorrendo a nomes de animais e de objectos simples,<br />

160 Idem, pp. 291-292.<br />

161 Idem, pp. 288-289.<br />

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