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amália rodrigues - Universidade Aberta

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AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

“Ó Gente da Minha Terra” surge como um hino. Hino a um destino e<br />

à condição de um povo que se vê ‘prisioneiro’ às cordas de uma guitarra.<br />

Guitarra, como instrumento por excelência do Fado que, como Amália,<br />

chora/chorava a cantar as suas dores, tormentos, mágoas e penas.<br />

Neste poema assiste-se a um reivindicar ser-se o espelho dos<br />

sentimentos de um povo :<br />

vida.<br />

“ Esta tristeza que trago/Foi de vós que a recebi ” 148 .<br />

Em “Se é vida não me parece” assistimos a uma desilusão perante a<br />

Tudo o que o sujeito poético esperou da vida diluiu-se em água e<br />

secou, transformando-se num verdadeiro deserto árido, agreste e<br />

espinhoso:<br />

“ Tinha duas mãos abertas/ E o sentimento do mundo/ Tenho agora as<br />

mãos desertas/ E um desgosto profundo/ (...) / P’rá vida ser tão cantada/<br />

Tem de ser melhor por certo/ Não é decerto a maçada/ Que eu tenho neste<br />

deserto” 149 .<br />

Decepcionada com a vida, Amália apela à chegada da morte,<br />

temática recorrente na sua poesia trágica, pois só aí encontrará o<br />

repouso merecido para quem tanto lutou: “ amortalhada de estios” 150 .<br />

Este poema reúne e resume, em poucas palavras, o que terá sido a<br />

vida de Amália. Nele presenciamos o vazio, a desilusão, a tristeza, a<br />

148 Idem, p.281.<br />

149 Idem, p.282.<br />

150 Idem.<br />

141

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