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amália rodrigues - Universidade Aberta

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AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

Acerca deste poema “Abandono”, Amália deixou-nos as seguintes<br />

palavras:<br />

“ Sempre achei o “Abandono”, do David Mourão-Ferreira, um fado de amor.<br />

Nunca pensei em Peniche. É um fado de tal maneira bem feito, com palavras<br />

tão bonitas, com tanto peso, que não quer dizer que não o tivesse cantado,<br />

sabendo a sua intenção. E talvez até o tivesse cantado com um ar tão<br />

revolucionário que não daria aquele resultado. (...) O disco chegou a estar<br />

proibido por causa do “Abandono”. (...) Mas, quando o cantei, aquilo era uma<br />

tristeza de amor, que é um sentimento muito mais bonito e muito mais dorido<br />

que uma ideia revolucionária. Era o amor de uma pessoa que foi com outra.(...)<br />

Um revolucionário pensou que era de Peniche, mas a maior parte de Portugal,<br />

que não é privilegiada, que não estava alertada, que é como eu, pensou no<br />

amor. Assim, chegou a toda a gente”. 119<br />

Com a expressão, “Que é como eu”, Amália queria-nos dizer que não<br />

possuía uma consciência política crítica e apurada.<br />

Em “Barco Negro” gravado em França no ano de 1955 aquando das<br />

filmagens do filme Les Amants du Tage 120 , assistimos à angústia das<br />

mulheres de pescadores da Nazaré que esperam, em vão, os seus<br />

homens perdidos e mortos no mar. Trata-se de um amor que vê, na<br />

negação da morte do ser amado, a única possibilidade de sobrevivência;<br />

118<br />

SANTOS, Vítor Pavão dos, Uma Biografia de Amália Rodrigues, 1ª edição, Lisboa,<br />

Contexto editora, 1987, pp. 151-154.<br />

119<br />

SANTOS, Vítor Pavão dos, Uma Biografia de Amália Rodrigues, 1ª edição, Lisboa,<br />

Contexto editora, 1987, p. 151.<br />

120<br />

Ver Cap.I, ponto 3.<br />

100

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