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amália rodrigues - Universidade Aberta

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AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

Em 1962, Amália Rodrigues desafia as convenções imperantes no<br />

Fado ao interpretar poemas de clássicos e contemporâneos da<br />

Literatura Portuguesa musicados por um compositor de nacionalidade<br />

francesa rendido ao Fado e à sua voz - Alain Oulman ( 1929-1990).<br />

Que, Luís de Camões pudesse ser cantado em Fado era algo que<br />

chocava sectores duma sociedade, não apenas política, mas também<br />

intelectualmente conservadora. Que à guitarra e à viola pudesse<br />

associar-se um piano e que certos temas tivessem uma introdução<br />

instrumental mais longa do que o habitual nos Fados tradicionais levou<br />

os “puristas” a tecer criticas idênticas às formuladas duas décadas<br />

antes, a propósito das melodias de Frederico Valério.<br />

Porém o tempo é o supremo juiz: as composições de Frederico<br />

Valério e de Alain Oulman são tidas hoje em dia, curiosamente, como<br />

clássicos e integram o repertório de inúmeros intérpretes de Fado.<br />

Amália, como sujeito de ruptura no fado, além da sua acção, em<br />

termos de repertório, primeiro com o chamado fado-canção, em<br />

colaboração com Frederico Valério e, posteriormente, com Alain<br />

Oulman e a abordagem dos grandes poetas portugueses, trouxe o fado,<br />

da sua condição de canção ‘maldita’ pelas sua origens humildes e pela<br />

má fama das suas grandes intérpretes femininas – veja-se o caso da<br />

Severa 78 – para um outro patamar, libertando-o dessa condição,<br />

fazendo-o sair do ghetto das tabernas e casas de fado, dando-lhe uma<br />

78 Ver Capítulo I, ponto 1.<br />

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