amália rodrigues - Universidade Aberta

AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!
- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -
Portugal e que, vão formando, ao longo dos séculos, “o subconsciente
colectivo de um povo”, caracterizando assim a sua singularidade na
Europa das Nações. É o caso da saudade, a idealização do amor, o amor
infeliz. Ou o destino, a tristeza própria de um povo incapaz de
construir, duma forma segura, o seu devir histórico, o Portugal que
“deu novos mundos ao Mundo”, o sentimento da decadência, a pátria
vista como lugar de exílio ( emigração económica/política). O sentido
telúrico, de pertença a uma terra, tantas vezes ingrata mas que
permanece mesmo, quando dela afastados dentro de nós, habitando-
nos por inteiro, o sebastianismo e a delegação messiânica, em homens
providenciais de um futuro a quem um povo, incapaz de ser sujeito
activo da sua História, confia o seu futuro, a infelicidade derivada de
uma impotência, pessoal e colectiva, de, por, através de opções
conscientes, construir o seu próprio percurso e o seu lugar no Mundo,
encontram-se assim patentes na sua Voz como veículo das vozes,
diversas mas complementares, de tantos poetas portugueses.
Ao cantar todos estes temas, Amália, não só divulgou uma poesia de
carácter erudito junto de um vasto público que a conhecia tão só
através dos livros ou que, desconhecendo-os, os tinha presentes na
alma. Ela exprime também uma gramática de sentimentos que se
encontra ao longo da tradição lírica portuguesa. Essa foi, porventura,
uma das razões da identificação entre todo um povo com a Voz e a
figura de Amália. Essa identificação seria uma das causas do seu êxito
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