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amália rodrigues - Universidade Aberta

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AMÁLIA RODRIGUES: COM QUE VOZ CHO(RA)REI MEU TRISTE FADO!<br />

- A POESIA NO UNIVERSO FADISTA DE AMÁLIA -<br />

“ (...) Sabemos que tarde ou cedo/ Iremos a enterrar/ E depois<br />

disto...desisto” 153 .<br />

Em jeito de conclusão: ao longo de toda a sua vida, Amália sempre<br />

gostou de fazer versos, coisas que sentia , reconhecendo contudo que<br />

não era poetisa. O seu livro Versos confirma, no entanto, uma<br />

interessante e peculiar veia poética: “Ai minha infância dorida/ Ai o meu<br />

bem que não foi/ Ai minha vida perdida/ Ai lucidez que me dói/ A solidão<br />

quase loucura” 154 .<br />

Este livro de poemas/versos, de forma simultaneamente simples e<br />

profunda, resume o modo único como Amália entrelaçou a Vida e a<br />

Arte:<br />

“Já fui pr’além da Vida/ Do que já fui tenho sede/ Sou sombra triste/<br />

Encostada a uma parede/ Adeus/ Vida que tanto duras/ Vem Morte que tanto<br />

tardas/ Ai como dói/ A solidão quase loucura” 155 .<br />

Os seus versos acabam por ser, na sua forma simples e despojada, a<br />

parte mais transparente da complexa personalidade de Amália. Neles<br />

mergulhamos num universo pungente e íntimo de dor, sofrimento,<br />

piedade e, sobretudo, de uma imensa saudade e lucidez.<br />

A sua escrita não pode deixar de ser associada à sua voz. E as<br />

palavras trazem “o fado nos sentidos”. Embora os seus poemas não<br />

sejam os mais originais, a verdade é que a temática amaliana busca,<br />

153<br />

In, Antologia poética: ‘corpus poético’ amaliano, p. 270.<br />

154<br />

Idem, p.268.<br />

155<br />

Idem, pp. 275-276.<br />

143

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