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editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas

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hora eu não vi”. Apesar do turbilhão <strong>de</strong> coisas ruins que passava pela sua<br />

cabeça, conseguiu chegar em casa. A mãe sempre inquieta, perguntando<br />

“on<strong>de</strong> ela estava com aquele homem”. Um irmão levou o casal para se<br />

escon<strong>de</strong>r em Flores, cida<strong>de</strong> do sertão do Pajeú on<strong>de</strong> Delzuite tinha<br />

parentes. Outros percalços estavam para acontecer.<br />

Campos permaneceu na Invernada até o início <strong>de</strong> maio. Seu tio<br />

conseguiu <strong>um</strong>a audiência com <strong>um</strong> juiz, e, alegando que o sobrinho era<br />

menor <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (a maiorida<strong>de</strong> então só era alcançada aos 21 anos),<br />

conseguiu que Campos respon<strong>de</strong>sse ao processo em liberda<strong>de</strong>. “Os caras<br />

não tiveram o gostinho <strong>de</strong> me levar <strong>de</strong> volta pra Invernada, porque ia ser<br />

outra história. Meu tio ficou com a responsabilida<strong>de</strong> da minha guarda pra eu<br />

respon<strong>de</strong>r o processo”.<br />

Vivendo na casa do tio, quietinho, recebeu duas visitas. Uma foi do<br />

“companheiro”, que o chamou para viver em São Paulo. Somente na década<br />

<strong>de</strong> Néri revelaria ao sobrinho que o “companheiro” era do Serviço Secreto<br />

da Marinha e que estava esperando o momento certo para entregar todos<br />

do PORT. A outra foi <strong>de</strong> Maria Hermínia, que tinha conhecido no congresso<br />

do partido. Os dois saíram para conversar e nunca mais voltaram.<br />

Tornaram-se companheiros em todos os sentidos, vivendo juntos por alg<strong>um</strong><br />

tempo. “Deixei meu tio n<strong>um</strong>a enrascada. Nem voltei pra me <strong>de</strong>spedir,<br />

fomos pra rodoviária e fui embora pra São Paulo. Dez anos na<br />

clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> no eixo Rio, São Paulo, Porto Alegre, Argentina e Uruguai,<br />

com vindas ao Nor<strong>de</strong>ste. Con<strong>de</strong>nado em cinco estados, com média <strong>de</strong> cinco<br />

anos <strong>de</strong> prisão” em cada <strong>um</strong> <strong>de</strong>les.<br />

Clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> foi o que restou para Iberé. Assim como Campos,<br />

ele foi da Vanguarda Leninista, <strong>um</strong> grupo que reunia comunistas <strong>de</strong> várias<br />

vertentes. Em sua opinião, não havia nenh<strong>um</strong> movimento forte o suficiente<br />

que se contrapusesse à Ditadura. Assim, vários movimentos logo caíram<br />

<strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> organização. Integrantes da Vanguarda foram capturados<br />

em primeiro <strong>de</strong> novembro. Submetidos à tortura, revelaram o nome <strong>de</strong><br />

Iberé. No dia 25 foi preso na Benfica. Fez <strong>um</strong> périplo entre vários quartéis e<br />

prisões recifenses e, em 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, foi levado para Fernando <strong>de</strong><br />

Noronha, on<strong>de</strong> ficou durante quatro meses. Voltou ao Recife, à Casa <strong>de</strong><br />

Detenção (atual Casa da Cultura), “esperando o que ia acontecer” e, em<br />

setembro <strong>de</strong> 65, foi liberado para respon<strong>de</strong>r o processo em liberda<strong>de</strong>. Em<br />

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