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editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas

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Brasil passava. “O movimento estudantil percebia alg<strong>um</strong>a coisa interessante<br />

fora da nossa vidinha. Toda a história <strong>recente</strong> política do Brasil <strong>de</strong>spertava a<br />

curiosida<strong>de</strong>, e teve a Revolução Cubana”.<br />

Essa revolução constituiu <strong>um</strong> marco para muita gente, <strong>um</strong> exemplo<br />

a ser admirado. Maravilhado, Antonio Campos traz a memória <strong>de</strong> volta à<br />

vida. Aquele país nas “barbas do galego” alimentou as esperanças <strong>de</strong><br />

muitos jovens como ele. “Eu acreditava que o caminho era aquele. Uma ilha<br />

junto da maior nação do mundo fazer <strong>um</strong>a revolução e triunfar?”. No<br />

começo dos anos 60, todos já estavam enterrados até o pescoço em alg<strong>um</strong>a<br />

organização política do campo, dos operários ou em partidos <strong>de</strong> inspiração<br />

marxista, <strong>de</strong>sempenhando seus papéis nas <strong>lutas</strong> sociais.<br />

Entre 62 e 63, Campos mudou completamente <strong>de</strong> vida. Recusou-se<br />

a integrar o Partido Comunista por causa da sua linha pacifista. Decidiu<br />

então se unir a companheiros n<strong>um</strong> grupo <strong>de</strong> estudos sobre marxismo “para<br />

criar <strong>um</strong>a coisa in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> tudo”. Surge a Vanguarda Leninista,<br />

formada por estudantes da Paraíba, <strong>de</strong> Pernambuco e remanescentes do<br />

Movimento Revolucionário Tira<strong>de</strong>ntes, atuando em fábricas, junto aos<br />

estudantes e camponeses. Já em agosto <strong>de</strong> 63 per<strong>de</strong>u Jeremias, nome <strong>de</strong><br />

guerra <strong>de</strong> Paulo Roberto Pinto. Era <strong>um</strong> companheiro que atuava no Engenho<br />

Oriente, em Itambé, assassinado n<strong>um</strong>a emboscada, com 17 tiros, a mando<br />

dos proprietários das terras. A essa altura, mesmo sendo <strong>um</strong> jovem<br />

estudante, Campos estava envolvido a ponto <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o medo e achar que<br />

a luta <strong>de</strong> Jeremias não foi em vão.<br />

“A<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Barros [ex-governador <strong>de</strong> São Paulo] comprou 25 mil<br />

fuzis AR-15 para que os latifundiários se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ssem da gente”. Esse<br />

mesmo mundo <strong>de</strong> disputas no campo mudou a vida <strong>de</strong> Delzuite. Em 62, seu<br />

talento natural para a militância esbarrou com as Ligas Camponesas,<br />

entida<strong>de</strong> li<strong>de</strong>rada por Francisco Julião Arruda <strong>de</strong> Paula, que organizava os<br />

trabalhadores dos engenhos e usinas da Zona da Mata <strong>de</strong> Pernambuco,<br />

Paraíba e Alagoas em torno da luta pela reforma agrária. Aos 26 anos<br />

conheceu participantes do movimento e logo foi convidada a integrá-lo.<br />

Executando suas tarefas nos engenhos, percebeu logo as brigas<br />

entre os sindicatos rurais e as ligas. “Me perguntei o porquê disso, se todos<br />

lutavam pelo mesmo i<strong>de</strong>al”. A vaida<strong>de</strong> é <strong>um</strong> traço que permeia o ser<br />

h<strong>um</strong>ano, e não importa época nem lugar. O po<strong>de</strong>r facilmente entorpece e,<br />

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