15.10.2014 Views

editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas

editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas

editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

hegemonia sempre os agentes jurídicos vinculados às concepções <strong>de</strong> mundo<br />

das classes dominantes.<br />

Por isso não cabe aqui <strong>um</strong> discurso que com<strong>um</strong>ente se acha nos<br />

textos jurídicos <strong>de</strong> que “é preciso mudar o Judiciário, fazer com que os/as<br />

magistrados(as) passem a ver as coisas <strong>de</strong> outras forma”. A postura contrahegemônica<br />

no Po<strong>de</strong>r Judiciário é, como já dito, <strong>de</strong> resistência. Quer ela sim<br />

agregar mais sujeitos, mas não sob a ilusão <strong>de</strong> que conquistará a<br />

legitimida<strong>de</strong> simbólica para dizer o que é e o que não justo. Preten<strong>de</strong> ela<br />

agregar mais sujeitos para mais fortemente resistir. E, resistindo,<br />

escancarar as contradições existentes nos discursos e práticas do campo<br />

jurídico ao tempo em que, n<strong>um</strong> ou noutro momento, é capaz <strong>de</strong> formar<br />

<strong>de</strong>cisões contrárias àquelas hegemônicas revelando, também assim, as<br />

referidas contradições do campo.<br />

Além disso, não cabe aqui <strong>um</strong> discurso que <strong>de</strong>fenda a intervenção<br />

do Po<strong>de</strong>r Judiciário na socieda<strong>de</strong> com o fulcro <strong>de</strong> transformá-la. Fortalecer o<br />

Po<strong>de</strong>r Judiciário é algo bastante perigoso à libertação dos(as)<br />

oprimidos(as), principalmente porque a ele cabe, estruturalmente, a<br />

“consagração da or<strong>de</strong>m estabelecida” (BOURDIEU, 2007). As<br />

transformações sociais coerentes com a libertação dos homens oprimidos e<br />

das mulheres oprimidas cabem aos próprios homens e mulheres em<br />

situação <strong>de</strong> opressão (FREIRE, 1987). Por isso é pertinente dizer que às<br />

rádios comunitárias é cabido algo que nem <strong>de</strong> longe pertence ao direito –<br />

ao menos não ao direito estatal – o que seja, a real transformação<br />

libertadora do mundo. Compete a esses sujeitos históricos o que é <strong>de</strong><br />

pertinência da contra-hegemonia: o diálogo, o encontro do povo com o<br />

povo, sua organização.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ABRAÇO, Associação Brasileira <strong>de</strong> Rádios Comunitárias. Dossiê querem<br />

calar a voz do povo II. 2005<br />

BOURDIEU, Pierre. O po<strong>de</strong>r simbólico.10ª. ed., Rio <strong>de</strong> Janeiro: Bertrand<br />

Brasil, 2007.<br />

______. A economia das trocas simbólicas. 6ª. ed., São Paulo:<br />

Perspectiva, 2005.<br />

BRASIL, Justiça Fe<strong>de</strong>ral do Estado <strong>de</strong> Sergipe. Processo criminal nº.<br />

98.5181-3 – Classe: 7000/1ª. Vara/Justiça Fe<strong>de</strong>ral do Estado <strong>de</strong> Sergipe/<br />

Juiz Ricardo César Mandarino Barretto/ Data da <strong>de</strong>cisão: 31.03.2000.<br />

94

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!