editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas
editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas
editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
elações <strong>de</strong> produção, a idéia <strong>de</strong> <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo econômico pós-mo<strong>de</strong>rno fica<br />
enfraquecido, o que não quer dizer que não se possa falar em <strong>um</strong>a cultura<br />
pós-mo<strong>de</strong>rna, por exemplo, mas que constitui <strong>um</strong> fenômeno inteiramente<br />
distinto da caracterização <strong>de</strong> <strong>um</strong> modo <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> relações sociais e<br />
jurídicas <strong>de</strong>terminadas.<br />
Tratar-se-ia <strong>de</strong> <strong>um</strong>a tarefa limitada se circunscrever-se o <strong>de</strong>bate a<br />
tão só dissecar as ambivalências, as contradições, as falácias do pósmo<strong>de</strong>rnismo:<br />
é preciso notar como esta linha <strong>de</strong> pensamento vê as histórias<br />
e os sujeitos.<br />
Ao apregoar o fim das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s nacionais em prol <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />
locais, étnicas, <strong>de</strong> culturas <strong>de</strong>scentradas, ao <strong>de</strong>cretar – previamente – a<br />
falência do que chama <strong>de</strong> “gran<strong>de</strong>s narrativas” 61 , a i<strong>de</strong>ologia do pósmo<strong>de</strong>rno,<br />
isto é, sua expressão cultural, fortalece a lógica do “capitalismo<br />
tardio”, que, ao mesmo tempo em que aspira apresentar suas formas<br />
econômicas, jurídicas e políticas como a única (isto é, em última análise,<br />
como pensamento único) não po<strong>de</strong> realizar tal <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato apenas como <strong>um</strong><br />
aparato normativo e sim através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a política cultural <strong>de</strong>terminada.<br />
E, embora tal se constitua n<strong>um</strong> fenômeno interessante o que se faz, ao<br />
final <strong>de</strong>ste artigo não é tão somente se limitar a anotá-lo, em função dos<br />
objetivos específicos que se preten<strong>de</strong> alcançar, mas <strong>de</strong> criticar os<br />
fundamentos do qual se parte para a categorização do fenômeno.<br />
Tentou-se, portanto, nos limites <strong>de</strong> <strong>um</strong> artigo, traçar esboços para se ir<br />
fundo na crítica das formas como a dominação do capital se apresenta e se<br />
justifica atualmente e tal intento não se leva a cabo, <strong>de</strong> modo satisfatório,<br />
sem termos que pelejar com os termos pós-mo<strong>de</strong>rnismo e pósmo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />
Por fim, a reflexão conceitual aqui formulada não <strong>de</strong>ve nublar o papel<br />
<strong>de</strong>cisivo dos movimentos sociais emancipatórios, frutos <strong>de</strong> formas<br />
diversificadas <strong>de</strong> auto-organização da socieda<strong>de</strong> civil e que, <strong>de</strong> certa forma<br />
e em certas condições, dão <strong>um</strong> novo tom – e <strong>um</strong>a nova qualida<strong>de</strong> – as <strong>lutas</strong><br />
travadas na mesma.<br />
61 É o caso, entre outros – ao menos no âmbito da crítica <strong>de</strong> cultura – <strong>de</strong> Connor, que subscreve tal<br />
discurso. Ver: CONNOR, Steven. Cultura pós-mo<strong>de</strong>rna. São Paulo: Loyola, 1996, p. 187-188 e 198,<br />
on<strong>de</strong> tenta, ainda que, <strong>de</strong> certa forma, temendo “cair no universalismo”, atenuar na conclusão ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />
“formas inclusivas <strong>de</strong> coletivida<strong>de</strong> ética”.<br />
34