editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas
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A experiência do programa inspirou <strong>um</strong>a nova revolução na<br />
comunicação radiofônica do movimento feminista, que começou a tomar<br />
forma quando estratégias nacionais <strong>de</strong> acesso do discurso das mulheres<br />
organizadas à mídia obtiveram inegável impacto social. Duas articulações<br />
elevaram o status do sujeito político feminista ao <strong>de</strong> formador <strong>de</strong> opinião: a<br />
Re<strong>de</strong> Nacional Feminista <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos<br />
(Re<strong>de</strong> Feminista <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>) e a Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mulheres no Rádio 3 .<br />
A Re<strong>de</strong> Feminista <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> fomentou, nos últimos 20 anos,<br />
discussões públicas acerca <strong>de</strong> questões centrais da agenda do movimento,<br />
<strong>de</strong>marcando sua posição diante <strong>de</strong> temas polêmicos, como o aborto e a<br />
lesbianida<strong>de</strong>. Foi pioneira articulação ao promover <strong>de</strong>bates entre feministas<br />
e jornalistas, ao realizar, entre 1997 e 1999, seminários regionais que, além<br />
<strong>de</strong> diagnosticar ruídos na comunicação entre ativistas e jornalistas,<br />
forneceram subsídios tanto para melhorar a cobertura dos veículos, quanto<br />
para qualificar as militantes para falar no rádio e na televisão. Os encontros<br />
resultaram na publicação do livro “Mulher e mídia, <strong>um</strong>a pauta <strong>de</strong>sigual?”,<br />
em 1997.<br />
É notório que o movimento, ao longo das últimas três décadas, vem<br />
se apropriando dos mecanismos da al<strong>de</strong>ia global (Macluhan, 1960), sabendo<br />
ainda que a incorporação <strong>de</strong> seu projeto político em instâncias da esfera<br />
pública está intimamente relacionada com sua capacida<strong>de</strong> dialogar com os<br />
meios massivos e comunitários, como colaboram Medrado e Lira:<br />
Autores como Thompson, Spink e Guid<strong>de</strong>ns enten<strong>de</strong>m<br />
que, atualmente, a imprensa tem <strong>um</strong> papel fundamental<br />
na análise das relações sociais dinâmicas do mundo<br />
mo<strong>de</strong>rno. Para eles, a mídia aponta para <strong>um</strong> novo olhar<br />
do que se consi<strong>de</strong>ra “o público e o privado”, enten<strong>de</strong>ndo<br />
a ética como <strong>um</strong>a nova instância <strong>de</strong> regulação social<br />
(MEDRADO e LIRA, 1999, p.21).<br />
Para as mulheres, que enfrentam dilemas oriundos da relação<br />
entre as esferas privada e o pública, anunciar suas idéias e opiniões,<br />
exercendo sua li<strong>de</strong>rança na socieda<strong>de</strong>, ainda é <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio. No<br />
3 Após encontro realizado no primeiro semestre <strong>de</strong> 2007, cerca <strong>de</strong> 30 organizações<br />
<strong>de</strong> mulheres comunicadoras e feministas <strong>de</strong>cidiram que a, até então, Re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Mulheres no Rádio passaria a se <strong>de</strong>nominar Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mulheres em Comunicação.<br />
Até 2007, a então Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mulheres no rádio congregava comunicadoras <strong>de</strong> 10<br />
estados brasileiros.<br />
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