editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas

trabalhado pra não incomodar sai”. Os hormônios do stress são uma
possível explicação para que Campos estivesse bem em todo o tempo de
militância. A pressão a que ele esteve submetido pode ter feito com que
hormônios como a adrenalina bloqueassem o aparecimento das doenças e o
mantivesse firme frente a situações adversas. Quando utilizado em longos
períodos, esse mecanismo de defesa acaba em conseqüências sérias para a
saúde. Em 87, por causa do diagnóstico de leucemia, Campos se aposenta
aos 43 anos. Daí em diante foram mais 12 anos de quimioterapia.
“A gente tá na contramão da história, correndo pra ver se salva a
sociedade da barbárie”.
Campos, Delzuite, Iberé e Momesso fazem parte da APAP
(Associação Pernambucana de Anistiados Políticos), criada em 97. Todos
receberam indenização, a exceção de Campos, que sequer processou o
Governo. A luta agora também é para que os fatos não caiam no
esquecimento, resgatando e preservando a memória; pela abertura dos
arquivos e pela divulgação do nome e punição dos torturadores. Não
querem revanche, e sim que a população saiba o que aconteceu neste país.
Eles têm exata noção do momento que vivem. Todos são comunistas
(com exceção de Delzuite) e criticam o capitalismo categoricamente. Porém,
não se transformaram em aposentados da revolução, e continuam militando
cada um do seu jeito.
Iberé: “Por que não tá bom? Porque não sabemos aproveitar a
democracia que estamos vivendo. Não estamos trabalhando como
devíamos. Tá aí a democracia, qualquer um pode se candidatar. Isso de fato
representa uma opinião consciente da população? Paulo Maluf foi reeleito.
Paulo Maluf já era pra ter sido morto, fuzilado! Esse povo que votou tem
consciência perante a história que estão fazendo? Passeata pela paz não vai
surtir efeito nenhum. O bandido que te assalta não tá nem aí pra isso”.
O capitalismo já anestesiou até o mais pobre, segundo o que Iberé
vê por aí. “Ele leva pra cabeça que o bom é ter um celular na cintura. É o
consumismo”. Ainda assim, ele quer levar sua experiência de vida às
escolas, fazer uma releitura da história do Brasil. “Se você não conhece o
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