editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas
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consciência <strong>de</strong>spertada por alg<strong>um</strong> acontecimento histórico, pelo<br />
comunismo, que naquela época se apresentava como possibilida<strong>de</strong> com a<br />
qual muitos sonhavam, ou por ver as <strong>de</strong>sgraças ocorrerem na sua frente,<br />
no cotidiano. Em Jaboatão, fazendo <strong>um</strong> piquenique com amigos, alguns<br />
mendigos chamaram a atenção <strong>de</strong> Delzuite. Conversando com eles,<br />
<strong>de</strong>scobriu que jornais velhos eram tudo que tinham <strong>de</strong> agasalho à noite. Ela<br />
<strong>de</strong>cidiu criar <strong>um</strong> mini-mutirão: convenceu os companheiros a trazer lençóis,<br />
e <strong>um</strong> dos meninos daria <strong>um</strong> colchão usado na casa <strong>de</strong> praia. No dia <strong>de</strong><br />
entregar as doações, os mendigos se emocionaram: “cadê as asinhas <strong>de</strong><br />
vocês?”. A partir <strong>de</strong> então, os amigos passaram a levar toda semana <strong>um</strong><br />
pouco <strong>de</strong> comida que tiravam às escondidas <strong>de</strong> casa. Delzuite inclusive<br />
comprava “fiado na bo<strong>de</strong>ga pra minha mãe pagar, que só recebia <strong>um</strong>a<br />
pensão do meu pai”. Ela tinha 15 anos.<br />
Também ainda muito novo Iberé “começou a olhar pro mundo”.<br />
Nessa época, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Natal servia como base para as tropas americanas<br />
que iam para a Europa e para a África durante a II Guerra. Influenciado por<br />
esse ambiente, “ouvia as conversas dos adultos, e lia”. Aos 13 anos, <strong>de</strong>ramlhe<br />
Engels para ler. “Eu não entendia, mas ficava a vonta<strong>de</strong>. É <strong>um</strong>a questão<br />
<strong>de</strong> <strong>um</strong>a conversa que faz tua cabeça tomar <strong>um</strong> r<strong>um</strong>o. Eu po<strong>de</strong>ria até ir pro<br />
seminário ser padre, mas eu peguei essa vertente”, afirma.<br />
Filho <strong>de</strong> imigrantes italianos “pobres, que vieram lascados pra<br />
trabalhar em fazendas <strong>de</strong> café”, Luiz Momesso nasceu em Taiaçu, povoado<br />
do interior <strong>de</strong> São Paulo. Contou que há pouco tempo achou <strong>um</strong>a foto da<br />
casa <strong>de</strong> barro on<strong>de</strong> morava. “Eu me lembro que a gente matava barbeiros<br />
nas rachaduras do barro”. Em 1962, na região dos canavieiros <strong>de</strong> Ribeirão<br />
Preto, ajudando dos padres e do bispo, via como a vida <strong>de</strong>les era sofrida.<br />
Mas, “eles passavam o dia com os trabalhadores, mas iam jantar com os<br />
usineiros. Eu achava aquilo errado”. Vinculou-se à Juventu<strong>de</strong> Agrária<br />
Católica – JAC-, que tinha <strong>um</strong>a visão contestadora e reformista.<br />
Quilômetros distantes, em João Pessoa, no Diretório Acadêmico<br />
do Liceu Paraibano, presi<strong>de</strong>nte e vice eram escolhidos em votações<br />
separadas, assim como nas eleições presi<strong>de</strong>nciais ocorridas entre o fim do<br />
Estado Novo, em 1945, até o início da ditadura. E tal qual João Goulart em<br />
1955, Antonio <strong>de</strong> Campos foi eleito vice com mais votos do que o<br />
presi<strong>de</strong>nte. Com 19 anos, via o panorama político conturbado pelo qual o<br />
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