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editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas

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Ora, como a essência constitutiva do indivíduo é, em Marx, a sua<br />

ativida<strong>de</strong> social – expressa fundamentalmente no trabalho – resulta que a<br />

alienação vincula-se plenamente ao problema do lugar do trabalho na<br />

chamada ambiência pós-mo<strong>de</strong>rna.<br />

Assim se faz necessário <strong>de</strong>terminar o status que o labor ocupa na<br />

vida social e as implicações que disso <strong>de</strong>correm, muito embora, nesse<br />

âmbito, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> se levar em conta aportes e objeções que<br />

foram feitas a tal centralida<strong>de</strong>, especialmente em Hannah Arendt e alguns<br />

<strong>de</strong> seus comentadores, no Brasil 38 .<br />

Se em Marx o trabalho é, como visto acima, essência constitutiva dos<br />

indivíduos e, portanto, categoria ontológica do ser social, o cuidado que se<br />

<strong>de</strong>ve ter quanto ao <strong>um</strong>a leitura reducionista <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> Lukács é<br />

não sermos levado a entendê-la tão só em suas <strong>de</strong>terminações econômicas,<br />

o que nos levaria a <strong>um</strong> reducionismo economicista.<br />

A afirmação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a ontologia do trabalho, em Marx, <strong>de</strong>ve levar em<br />

conta seus dois significados:<br />

A – Quanto ao método – significa reconhecer como pressuposto a<br />

existência in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do mundo objetivo, dado que as premissas <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

partem as afirmações <strong>de</strong> tal ontologia não são arbitrárias, são reais e sua<br />

abstração – ou seja, a autoconstrução do conceito, é apenas processo <strong>de</strong><br />

abstração e suas bases são verificáveis empiricamente e, mesmo que não<br />

seja isenta <strong>de</strong> pressupostos, parte sempre <strong>de</strong> premissas fáticas 39 ,<br />

B – Quanto à perspectiva filosófica – não se trata <strong>de</strong> <strong>um</strong>a ontologia<br />

especulativa já que não proce<strong>de</strong> à base do conceito, pelo contrário, parte <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong>a manifestação concreta do trabalho: a mercadoria, que representa só e<br />

tão somente trabalho h<strong>um</strong>ano materializado 40 .<br />

38 As principais objeções feitas por Hannah Arendt ao peso dado por Marx à esfera política (para ela,<br />

apenas <strong>um</strong>a das funções da socieda<strong>de</strong>) po<strong>de</strong>m ser lidas em “A condição h<strong>um</strong>ana”, on<strong>de</strong> ela faz questão,<br />

preliminarmente, <strong>de</strong> separar-se das críticas oportunistas feitas em relação a Marx. Ver: ARENDT,<br />

Hannah. A condição h<strong>um</strong>ana. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense, 1995, 40-45. E entre os comentadores:<br />

ADEODATO, João Mauricio. O problema da legitimida<strong>de</strong>: no rastro do pensamento <strong>de</strong> Hannah Arendt.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense, 1989, p. 52; SALES WAGNER, Eugênia. Hannah Arendt e Karl Marx: o<br />

mundo do trabalho. São Paulo: Ateliê, 2000, p. 146-147 e DUARTE, André. Hannah Arendt e a<br />

exemplarida<strong>de</strong> subversiva: por <strong>um</strong>a ética pós-metafísica. In: Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Filosofia Alemã. São Paulo:<br />

USP – FFLCH, jan.-jun 2007, n. 9, p. 32.<br />

39 MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A i<strong>de</strong>ologia alemã. São Paulo: Martins Fontes, pp. 10 e 20.<br />

40 MARX, Karl. O capital: crítica da economia política, Vol<strong>um</strong>e I, Livro primeiro, Tomo I. São Paulo:<br />

Abril, 1983, p. 51<br />

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