15.10.2014 Views

editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas

editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas

editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

procedida a busca e apreensão da estação ou aparelho<br />

ilegal.<br />

O artigo 70 da legislação em questão se refere também à figura das<br />

telecomunicações. Esta figura é aquela não-diferenciada anterior à emenda<br />

oitava e à distinção constitucional <strong>de</strong> 1988 entre radiodifusão e<br />

telecomunicação. Não po<strong>de</strong> ser ela, segundo Paulo Fernando Silveira,<br />

recebida pela Constituição <strong>de</strong> 1988, sendo norma sem eficácia, portanto.<br />

Po<strong>de</strong>r-se-ia arg<strong>um</strong>entar – e é isso que faz o posicionamento<br />

hegemônico no Po<strong>de</strong>r Judiciário – que por trás da expressão<br />

“telecomunicação” está também a radiodifusão e que, com a remissão feita<br />

pelo Novo Código Brasileiro <strong>de</strong> Telecomunicação, <strong>de</strong>ver-se-ia excluir da<br />

figura “telecomunicações” a telecomunicação propriamente dita, <strong>de</strong>ixando<br />

apenas seu resíduo, qual seja, a radiodifusão. Segundo esse raciocínio, já<br />

que na Lei 4.117/62 a palavra “telecomunicação” somava os meios <strong>de</strong><br />

telecomunicação aos <strong>de</strong> radiodifusão, mesmo com o nascimento do Novo<br />

Código Brasileiro <strong>de</strong> Telecomunicação, <strong>de</strong> 1997, que passou a regular,<br />

inclusive penalmente, os meios <strong>de</strong> telecomunicação, cabe ainda à Lei<br />

4.117/62 a regulação da radiodifusão até mesmo quanto à matéria penal.<br />

Ora, está-se a falar <strong>de</strong> <strong>um</strong>a norma penal (Art. 70) que, por ser<br />

norma penal, exige tipicida<strong>de</strong> e respeito à legalida<strong>de</strong> mais do que qualquer<br />

outra. Ao menos é isso o que consta nos manuais jurídicos <strong>de</strong> direito penal,<br />

acredito que sem exceção, e que sustenta boa parte do discurso liberal<br />

acerca <strong>de</strong>sse ramo do direito.<br />

Como aplicar <strong>um</strong>a norma penal em nome <strong>de</strong> <strong>um</strong> resíduo e em meio<br />

a <strong>um</strong>a confusão terminológica como a <strong>de</strong>scrita nos parágrafos anteriores?<br />

Ler “radiodifusão” on<strong>de</strong> está escrito “telecomunicação” é realizar, no<br />

mínimo, <strong>um</strong>a analogia. E analogias não são recebidas pelo direito penal,<br />

assim aprendi nos manuais, quando prejudicam o réu ou a ré. Se, na<br />

hegemonia, há tanta se<strong>de</strong> por <strong>um</strong>a legislação que controle o serviço <strong>de</strong><br />

radiodifusão, que faça a hegemonia, <strong>um</strong>a legislação específica sobre a<br />

matéria e que nela haja normas <strong>de</strong> caráter penal em que se possa<br />

reconhecer o tipo “radiodifusão clan<strong>de</strong>stina”, como fez o Código <strong>de</strong> 1997<br />

prevendo o tipo “telecomunicação clan<strong>de</strong>stina”. Ou assim age o aparelho<br />

64

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!