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editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas

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Militou também pelas reivindicações operárias. Viu o PT se formar nesse<br />

contexto em 79. “Quando o PT surgiu, tive muita dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aceitar. Era<br />

<strong>um</strong> partido muito frouxo, e o presi<strong>de</strong>nte era Lula, que não era socialista. Eu<br />

queria <strong>um</strong> partido socialista. Tinha pontos positivos: o partido foi crescendo<br />

no meio do povo, era amplo, por não se comunista, não tinha problema<br />

com religião. Mas muitos militantes tinham <strong>um</strong>a visão histórica muito<br />

estreita, achavam que tudo tinha começado com o PT. Era <strong>um</strong><br />

anticomunismo, na realida<strong>de</strong>. Lula nunca foi socialista e afirmava isso,<br />

muita gente foi que i<strong>de</strong>alizou. A gente analisava ele como <strong>um</strong> sindicalista<br />

combativo e honesto, mas atrasado politicamente do ponto <strong>de</strong> vista<br />

socialista”.<br />

Entre 83 e 84 o país se uniu em torno da campanha "Diretas Já",<br />

movimento civil <strong>de</strong> reivindicação por eleições presi<strong>de</strong>nciais diretas.<br />

Momesso mais <strong>um</strong>a vez se envolveu diretamente. Em 25 <strong>de</strong> janeiro ele<br />

estava n<strong>um</strong> comício na Praça da Sé junto a mais 300 mil pessoas. A<br />

lembrança vem mais <strong>um</strong>a vez acompanhada <strong>de</strong> lágrimas. “Foi <strong>um</strong>a luta<br />

muito bonita. Nós tomamos a ban<strong>de</strong>ira da ditadura. A gente tinha vergonha<br />

da ban<strong>de</strong>ira do Brasil, do hino nacional, que foram usados pro ‘Brasil ame-o<br />

ou <strong>de</strong>ixe-o’, o hino nacional da repressão, da alienação. Agora, Fafá <strong>de</strong><br />

Belém canta o hino nacional na praça. O hino é nosso! A gente começa a se<br />

pintar <strong>de</strong> ver<strong>de</strong> e amarelo. Começamos a tomar os símbolos nacionais que<br />

estavam com a Ditadura, [e pensou] ‘poxa, a gente vai mudar isso aqui! ’”.<br />

Embora as manifestações a favor da <strong>de</strong>mocracia fossem inúmeras e<br />

espalhadas pelo país inteiro, ainda havia gente reacionária. Delzuite viu e<br />

sofreu com isso. “Vendia pôster <strong>de</strong> Che Guevara no Teatro Santa Isabel.<br />

Levava tanta esculhambação dos burgueses quando eles vinham assistir às<br />

peças. Eu gritava: ‘pelas Diretas! Che Guevara, o maior revolucionário vive’!<br />

Um burguês <strong>de</strong>sceu do carro e disse: ‘não sei como não te fuzilaram’. A<br />

Burguesia fe<strong>de</strong>, como Cazuza diz. Tem dinheiro pra comprar perf<strong>um</strong>e, mas<br />

fe<strong>de</strong>”.<br />

As Diretas não saíram e Tancredo Neves é escolhido como o<br />

primeiro presi<strong>de</strong>nte civil <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 21 anos <strong>de</strong> Ditadura. Mais <strong>um</strong> drama<br />

abala a vida <strong>de</strong> Delzuite. Doze <strong>de</strong> outubro, dia das crianças, seu filho João<br />

Luiz é atropelado aos 13 anos. “Acabada do jeito que eu tava, mais esse<br />

fundo <strong>de</strong> poço? Passou pela minha cabeça me jogar na frente <strong>de</strong> <strong>um</strong> carro<br />

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