editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas
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textos da chamada primeira fase, encontra-se em Hegel, on<strong>de</strong> a formulação<br />
aparece enquanto visão da natureza como forma auto-alienada do espírito<br />
absoluto (o que se assemelha, como acentua Petrovic, à visão platônica do<br />
mundo natural como imagem imperfeita do mundo das idéias). 47<br />
Lukács lembra que já nas obras <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hegel,<br />
especialmente os escritos <strong>de</strong> Jena, tal conceito aparecia como “positivida<strong>de</strong>”<br />
– instituição ou complexos i<strong>de</strong>ológicos que se contrapunham à subjetivida<strong>de</strong><br />
da prática h<strong>um</strong>ana como <strong>um</strong>a fria objetivida<strong>de</strong>. 48<br />
À medida que vai avançando a formulação <strong>de</strong> sua dialética, Hegel vai<br />
superando o termo positivida<strong>de</strong> – aplicando-o apenas no sentido que temos<br />
hoje <strong>de</strong> Direito positivo. Por outro lado o termo positivida<strong>de</strong> cada vez mais<br />
adquire <strong>um</strong> tom <strong>de</strong> “recusa” na medida em que Hegel seguia tratando esse<br />
tipo <strong>de</strong> positivida<strong>de</strong> como algo sem vida e a ser eliminado da história.<br />
Mas se no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua filosofia se elimina o termo<br />
positivida<strong>de</strong>, não elimina ele o problema que <strong>de</strong>signava tal termo, ou seja,<br />
a relação da prática social com os objetos que cria. Assim, o termo aparece<br />
em sua elaboração <strong>de</strong>finitiva como consciência cindida (infeliz), que se<br />
projeta n<strong>um</strong> ser superior 49 e enquanto <strong>de</strong>gradação da vida ética em direção<br />
a <strong>um</strong> atomismo egoístico on<strong>de</strong> a particularida<strong>de</strong> enquanto satisfação <strong>de</strong><br />
exigências e em seus conflitos oferece à socieda<strong>de</strong> civil <strong>um</strong> espetáculo <strong>de</strong><br />
miséria (indivíduo X socieda<strong>de</strong> civil). 50<br />
A influência do hegelianismo, em Marx, bem como a perspectiva que<br />
já marcava suas concepções, leva-o a <strong>um</strong>a valorização explícita, nos textos<br />
<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>, do problema da consciência <strong>de</strong> si do indivíduo e que o leva,<br />
posteriormente, ao tema da alienação 51 .<br />
Ainda assim, o uso do termo só se torna corrente, no marxismo, após<br />
a <strong>de</strong>scoberta dos chamados “Manuscritos <strong>de</strong> Paris”. 52<br />
47 PETROVIC, Gajo. “Alienação”. In: BOTTOMORE, Tom (org). Dicionário do pensamento marxista.<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 5-8.<br />
48 LUKÁCS, Georg. El joven Hegel y los problemas <strong>de</strong> la sociedad capitalista. Barcelona: Grijalbo,<br />
1976, p. 516.<br />
49 HEGEL, G. W. F. Fenomenologia do espírito. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 159,-162 e 168-169.<br />
50 HEGEL, G. W. F. Princípios da filosofia do direito. São Paulo: Ícone, 1997, p.169-170.<br />
51 Veja-se, por exemplo, a problemática que perpassa a tese doutoral <strong>de</strong> Marx intitulada “Diferença entre<br />
as filosofias da natureza em Demócrito e Epicuro”, in: MARX, Carlos. Escritos <strong>de</strong> juventud. México:<br />
Fondo <strong>de</strong> Cultura Econômica, 1985.<br />
52 MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2004 e “Manuscritos<br />
economicos-filosoficos”, in: MARX, Carlos. Escritos <strong>de</strong> juventud. México: Fondo <strong>de</strong> Cultura<br />
Econômica, 1985<br />
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