editorial protagonistas de um passado histórico recente: lutas
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esse [o da In<strong>de</strong>pendência]. As professoras ensinam isso porque são<br />
patriotas. A nossa pátria já foi muito invadida, por isso esse hino”. Taxada<br />
<strong>de</strong> “comunista disfarçada”, não teve jeito. Delzuite foi levada para a<br />
Secretaria <strong>de</strong> Segurança, mas conseguiu fugir no mesmo dia! Ainda aqui<br />
recebeu conselhos <strong>de</strong> ir embora do estado. Voltou para Flores, pegou o<br />
marido e foi embora para o Rio <strong>de</strong> Janeiro. Isso tudo durante os 15 dias que<br />
se suce<strong>de</strong>ram ao Golpe.<br />
“A Ditadura Militar é <strong>um</strong>a peste, <strong>um</strong>a <strong>de</strong>sgraça, a maior <strong>de</strong>sgraça<br />
que eu vivi na minha vida”!<br />
“Quando houve o Golpe, eu achei <strong>um</strong>a pena, mas não tinha noção<br />
política do que aquilo significava. Só que era ruim”. Lutar contra a Ditadura<br />
durante todos os seus dias foi <strong>um</strong>a missão que Momesso ass<strong>um</strong>iu aos 23<br />
anos, quando se juntou à Ação Popular (AP). Era <strong>um</strong> movimento originado<br />
em 62, nas agremiações católicas, mas que então tinha se transformado<br />
com as teorias marxistas.<br />
O cotidiano <strong>de</strong> Momesso, já em São Paulo, não era <strong>de</strong> alguém que<br />
<strong>de</strong>veria se dar ao luxo <strong>de</strong> militar ativamente. Inicialmente, “eu e mais dois<br />
rapazes morávamos n<strong>um</strong>a casinha, pagando 120 <strong>de</strong> aluguel. Só tinha <strong>um</strong><br />
trabalhando, e esse ganhava 140. Passei seis meses <strong>de</strong> porta em porta das<br />
fábricas, muito revoltado. Seis meses <strong>de</strong> fome. Fome, fome, sabe o que é<br />
fome? [Dá <strong>um</strong> riso <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero] De chegar em casa, sentar os três na<br />
mesa e só ter <strong>um</strong> tiquinho <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> mandioca e <strong>um</strong>a colher <strong>de</strong> pó <strong>de</strong><br />
café”. Na esperança <strong>de</strong> arr<strong>um</strong>ar emprego, ele ia <strong>de</strong> madrugada para as<br />
portas das fábricas. Na Ford, viu o primeiro da fila <strong>de</strong>smaiar e os “caras<br />
maltratando, mandando a gente embora, dizendo que não tinha emprego...<br />
Nesse dia eu tive tanta vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter <strong>um</strong>a bomba pra jogar <strong>de</strong>ntro da<br />
Ford!”.<br />
Tal qual nas Ligas Camponesas, havia <strong>um</strong> trabalho <strong>de</strong><br />
conscientização e <strong>de</strong> ajuda aos operários. Momesso passou pela Philips, na<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Capuava, e pela fábrica Aços Vilares, em São Caetano do Sul.<br />
Deixava <strong>de</strong> <strong>de</strong>scansar, buscando <strong>um</strong>a vida mais digna para os operários.<br />
“Trabalhávamos 12 horas à noite na fábrica do sábado pro domingo. Eu<br />
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