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“De quem é a responsabilidade do cuidado?” O papel das mulheres no processo dedesinstitucionalização da pessoa em sofrimento psíquico.Há também as dificuldades encontradas na atuaçãodos profissionais em relação à construção dessescuidados. Segundo Campos e Dominiti (2007:405),pretende-se que cuidados compartilhados sejam oresultado de uma ação derivada da tomada conjuntade decisões sobre a resolubilidade dos casos. Para osautores, “é comum o profissional construir identidadee segurança, apegando-se à identidade do seu núcleoprofissional, o que dificulta a abertura da interaçãoinevitável em espaços interdisciplinares”. Figueiredo eOnocko (2009:133) vão destacar que há profissionais desaúde mental que tendem a transferir a responsabilidadepara outros serviços, e vice-versa. Esse deslocamento dolugar de comodidade torna-se um trabalho espinhoso, jáque práticas opressoras e manicomiais estão também emserviços substitutivos e comunitários.Vale destacar, neste trabalho, outro questionamento,levantado por Alves (2001), sobre a questão da “psicologizaçãodo cotidiano”. Na avaliação do autor, ao entrar nas casase no cotidiano familiar, encontrar-se-ão diversas situações equestões próprias dos arranjos familiares daqueles sujeitos,problemas que o autor chama de “problemas menores”. Sãoproblemas que não vão ser resolvidos através de saberes instituídos,como a psicanálise, a farmacologia e outros, mas só nocotidiano vivido por esses sujeitos, eles encontrarão soluções, jáque isso faz parte da lógica das relações sociais.Falando das mulheres de Acari, em busca dos corpos desaparecidosde seus filhos, Freitas (2002:90) observa que cuidarsignifica “não apenas proteger, maternar, educar, mas também serresponsável em lutar pela memória do filho, por um enterro digno,por uma sociedade mais justa (...)”. Nesse e em tantos outros casos,em diferentes séculos e lugares, um atributo sempre associado àimagem feminina é o da luta pela vida dos filhos. E isso se faz atravésde um longo aprendizado, sempre de mulheres em rede.Diaz, em sua tese de doutorado (2008), vai entrevistar algunspersonagens da luta antimanicomial, e um desses é Lídia Morena, familiarde usuários de saúde mental. Nesse caso, a construção de redede solidariedade se dá a partir da experiência familiar vivida por Lídia,e da ausência da prestação de cuidados a Fátima por parte de sua família,o que move Lídia a oferecer o cuidado que falta à sua amiga. Masa minha experiência mais marcante, onde eu aprendi tudo, não era nemda família. Foi a Fátima, uma amiga, uma pessoa que eu conheci, queestava passando um aperto, o marido dela trabalhou para mim. Na época,ela fazia uns trabalhos manuais e me lembro que falei: ‘Nossa, você é tãointeligente!’ Na segunda vez que a vi, ela me abraçou e falou: ‘Você acha111

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