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Maria Engrácia Leandroa uma organização hierárquica da sociedade. Estaapreensão assenta num eixo vertical traduzido nasreformas legislativas e normativas, tanto de carácterpúblico como privado.Se esta representação da sociedade correspondea uma certa realidade, nas últimas décadas o aumentode famílias e indivíduos a viverem em situação maisvulnerável, precária, com menos recursos, alguns, quiçá,na miséria, e a sua mediatização tornam o fenômenodas desigualdades sociais e o seu crescimento ainda maissensível. Não obstante, dada a situação social de urgênciaem que vivemos perante o aumento do desemprego, dapobreza, da exclusão e da insegurança, as políticas públicasde solidariedade tendem a focalizar-se mais sobre os desfavorecidos.Este é um ponto crucial no domínio da saúde porque,contrariamente ao que se diz frequentemente, inclusiveos que têm o poder de decisão, não se está apenas peranteexcluídos e incluídos, mas sim confrontado com o aumento daesperança de vida ou, ao inverso, um aumento das diversascausas de morte que seguem, quase perfeitamente, a elevaçãona hierarquia social. Esta constatação estende-se praticamentea todas as patologias, acidentes e deficiências e é válida paraambos os gêneros e as várias idades da vida.Torna-se, pois, necessário abandonar ideias pré-concebidas,segundo as quais são sobretudo os sistemas de saúde que maiscontribuem para a melhoria da saúde das populações, quandoafinal é essencialmente a pertença social e respectivos modos devida que exercem a maior influência a este respeito. Uma outraexplicação tem que ver com os programas de prevenção, insistindono abandono de comportamentos nefastos: o consumo de álcool,tabaco, falta de exercício físico, alimentação de má qualidade,relações sexuais desprotegidas… Trata-se de factores com efeitossobre a saúde, mas que na realidade, em muitas circunstâncias,mais não são do que mediações entre condições sociais e estadosmórbidos. Mais simplesmente, pode não tratar-se tão só de condutasindividuais decididas pelos respectivos actores racionais, analisandoos riscos, mas de práticas que relevam de hábitos familiares, valorestransmitidos, referências estéticas, modos de socialização e, para alguns,de constrangimentos sócio-econômicos. Todos estes elementossão difíceis de transmitir fora de condições propícias para o efeito. É oque atestam programas educativos, pois ainda que se mostrem benéficospara a saúde, são frequentemente mais eficazes junto dos grupos de boacondição social do que nos meios sociais modestos, agravando assim asdesigualdades sociais e sanitárias.24

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