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João Vinicius dos Santos Dias e Jaqueline FerreiraA pobreza no Brasil é um fenômeno conhecidodesde o período colonial e passou por mudançasimportantes do ponto de vista social na passagemdos séculos XIX e XX em virtude da passagem de umasociedade escravista para capitalista. Com as transformaçõesocorridas no mercado de trabalho urbano ecom a inserção espacial/residencial da população pobrenas cidades que surgem uma multiplicidade de discursos(sanitarista, econômico, político e jurídico) sobre a mesma(Valladares, 1991).No princípio do século XX o discurso sobre a higienecom a ênfase no cortiço abriu caminho para os sanitaristasrealizarem intervenções sobre o corpo, comportamentose moradia do pobre. O Brasil deste período apresentava,mesmo em suas maiores e principais cidades (Rio, São Paulo,Recife, Salvador, etc), uma estrutura urbana antiga, herdadado período colonial o que dificultava o estabelecimento deuma dinâmica capitalista na economia do país, o que já vinhaacontecendo a partir da Revolução Industrial nos paísesocidentais industrializados da Europa e nos Estados Unidos(Silva, 2006).Nesse contexto, principalmente no Rio de Janeiro, aquestão da habitação e da pobreza passa a se configurar comoproblemática central no debate sobre a modernização da cidade:a existência de cortiços que abrigavam milhares de pessoascom condições extremamente precárias de existência saltava aosolhos da população e se revelava antagônica com a imagem decidade limpa, organizada e higienizada que se pretendia construir.Nesse ambiente proliferavam muitas doenças, como tuberculose,sarampo, tifo, hanseníase. Alastravam-se grandes epidemias defebre amarela, varíola e peste bubônica. (Valladares, 2005). Alémdo medo do contágio das doenças da pobreza, os sanitaristas argumentavamcomo as habitações coletivas eram focos de irradiação devícios de todos os tipos, tanto os biológicos, quanto os morais. Assim,predomina a noção de “pobres perigosos”, visão preponderante nopanorama mundial do século XIX (Bresciani, 1982).Aliavam-se a isso necessidades econômicas, pois o país vivia odesenvolvimento do modelo agroexportador como um dos pilares da economiaonde o saneamento dos portos e espaços públicos tornava-se umaprioridade para a consolidação deste modelo. (Smeke & Oliveira, 2001).Neste contexto, seriam necessárias não só intervenções no sentidode limpar a cidade e imunizar a população das doenças, mas tambémum tratamento moral onde a educação seria uma forma de garantir a124

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