11.07.2015 Views

E7s6Xi

E7s6Xi

E7s6Xi

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ir além dos direitos? Emancipação e política no campo da infância e juventudemais velha, como também, à aptidão mais elevadade crianças de se adaptarem às novas condições desociedades que se transformam rapidamente.Enfim, hoje, a proteção da criança é devedora deuma visão reabilitadora da inutilidade da criança, pois,se antes crianças eram desprezíveis, e poderiam serdescartadas, hoje, são elas que vão assegurar a velhicecomo momento de descanso e pós-trabalho. Ou seja, a‘inutilidade’ econômica de uma criança passou a ser atravessadapela perspectiva da ‘promessa’ que ela representa,dentre outros aspectos, como força de trabalho futuro, oque levou a um deslocamento fundamental na maneira dese encarar a posição da criança na sociedade. A coibição,pelo direito positivo, do abuso e da violência contra criançasacompanha, deste modo, a evolução dos costumes garantindoque crianças e jovens sejam protegidos e assistidos ao longode seu processo de desenvolvimento.O ordenamento jurídico frente às artimanhasdo social: a proteção que não protegeSabemos bem, todos nós, que as formas de violênciasutis e declaradas contra a criança estão longe de terminarcomo manda a lei. As crianças continuam como os sujeitos maisoprimidos, mais governados, e mais sujeitos às adversidades detodo o tipo. A pergunta que se coloca, poderia ser: como e porque a lei tem efeito pífio sobre as nossas práticas... Mas gostariade colocar outro tipo de pergunta, por onde a análise pode sermais produtiva, a saber: que outras práticas têm poder regulatórioconcorrendo com a própria lei? Como as relações entre homens emulheres, ou no caso específico, entre adultos e crianças se organizame se entranham no tecido social, a tal ponto que não conseguemser re-organizadas sob outros princípios e outros valores?Vejamos. Voltemos à situação de ‘descartabilidade’ das criançasa que aludi anteriormente. Para a mentalidade dos nossos congêneresdo séc. XVI, qualquer criança, bem ou mal nascida, merecia odestino do afogamento no mar para que se salvassem, em primeirolugar, os homens. Ao longo dos séculos em que se consolidou a naçãobrasileira, uma ferrenha ordenação de lugares sociais foi regida pelasoligarquias (proprietários de terra, representantes do poder, e maistarde, a burguesia industrial) que mantiveram suas prerrogativas sobretodos os demais. Sobretudo, fomos constituídos como nação – cultural,sentimental e politicamente – nas trevas de nossa malignidade explicitadacomo opressão e violência contra os que produziam os alimentos,trabalhavam nas terras, amamentavam as crianças e cuidavam delas – os153

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!