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Maria Engrácia Leandrosubstituir. Nas sociedades ocidentais científicas e tecnológicasesta é uma faceta que tem vindo a revelar-sede grande importância. A hipótese weberiana (1964)do “desencanto do mundo” no seio das sociedades industrializadasvai no mesmo sentido: a multiplicação dassuas capacidades electrónicas, informáticas, medicalizadase medicamentadas para detectar e tratar a doençanão parecem ter trazido novos recursos para explicar aprocura de sentido do mal, do bem-estar e da existênciahumana e social.Estas lógicas da produção e da reprodução das desigualdades,mesmo no atinente às significações para aexistência, mostram que é a conjunção e articulação de umconjunto de elementos atinentes aos recursos materiais, sociais,axio-simbólicos, emocionais, profissionais e as posiçõesna estrutura do emprego, a integração social e as relaçõescom os outros que tornam as distâncias mais ou menos alargadas.Nesta perspectiva, podemos dizer que os cuidados dosprofissionais de saúde não exercem o papel mais importante,embora não sejam de menos importância. Todavia, mesmo aeste nível, as desigualdades permanecem e não basta poderter mais ou menos acesso facilitado a estes serviços. Há que terigualmente em conta a qualidade das prestações disponíveis,sendo que, frequentemente, os cuidados prestados aos doentestambém podem variar em função dos meios sociais, com efeitossignificativos sobre a esperança de vida, particularmente em doentesatingidos por cancro ou enfarto do miocárdio.De maneira geral, as determinantes médicas das desigualdadesde saúde são importantes a ter em conta, pois são mais fáceisde corrigir do que, por exemplo, a disparidade de recursos. A esterespeito, quem mais dispõe, mais acesso rápido tem à medicinaprivada, o que não é o caso de quem depende apenas do sectorpúblico e das listas de espera, como acontece frequentemente emPortugal. como afirmou Claudine Herzlich num atelier de trabalhopara elaboração, em França, do relatório “Soubie”, Santé 2010, émais fácil consultar um médico do que mudar de categoria social paraaumentar as oportunidades de vida.Por outro lado, podemos interrogar-nos acerca da igualdade queprocuramos em termos de saúde. A longevidade, tal como a ausênciade doença e o famoso bem-estar de que fala a definição de saúde daOMS de 1946 são deveras importantes para todos os humanos e nãoapenas para alguns mais bafejados pelas boas condições de existência.Mas poderemos também deslocar o objecto para o que fundamenta aexistência das desigualdades. A “descoberta” de que o sofrimento, a26

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