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Maria Engrácia Leandroverá ser previsto de modo a satisfazer as necessidadesdos incapacitados de o fazerem.Todavia, à medida que fomos passando de sociedadesdo trabalho para sociedades do emprego, éessencialmente este que assegura a sobrevivência dosindivíduos e das suas famílias. Ademais, se na Bíblia(Gen. 3, 19) o trabalho aparece como punição do pecado,nas sociedades hipermodernas tornou-se num prémio,um valor fundamental para os europeus a seguir à família(Almeida, 2003). O que acontece, de há uns anos a estaparte, é que o desemprego tem aumentado vertiginosamentedeixando muitas pessoas e suas famílias sujeitas aosimponderáveis das circunstâncias e ainda mais quando nãousufruem do tal capital social de que falámos anteriormente.A interacção entre o desemprego e a saúde pode jogarem dois sentidos: uma pessoa com saúde precária, que atépode ser estigmatizante, pode ter mais riscos de perder oude vir a encontrar um emprego; ao inverso, a saúde pode seralterada pelo desemprego e sobretudo o de longa duração.Ora, o aumento do desemprego abrange em primeiro lugar osindivíduos menos qualificados e mais frágeis, estendendo-sedepois a categorias menos expostas. A este propósito um estudofeito na França (Mesrine, 1999) veio revelar que nos anos 1990,a mortalidade relativa dos desempregados aumentou. Tal factopode traduzir um agravamento das condições de vida que se vãoreflectir na saúde, na doença e no acelerar da morte. Ora, o direitoao trabalho, consagrado no artigo 23 da Declaração universal dosdireitos do homem, é dos mais elementares, pois dele decorrem ascapacidades de sobrevivência e de realização humana.Ao invés, o desemprego pode estar na origem de várias alteraçõesde saúde através de vários mecanismos. Um deles é a pobrezae quiçá o desespero e a desilusão. Os efeitos do desemprego sobrea saúde poderão estar associados às dificuldades econômicas e emocionaisque arrasta (Leandro, 2010). O desemprego é considerado umimportante factor de stress, de várias desordens psicossociais, comoa perda da auto-estima, de contacto com os outros, de estatuto social,das habituais condições de existência… A ansiedade crônica que tendea instalar-se afecta a saúde mental que, por sua vez, atinge a saúdefísica e relacional. Pode ainda fazer desencadear comportamentos derisco: consumo de álcool, tabaco, alimentação sem qualidade, etc. Masimporta referir que algumas destas propensões até poderiam existir anteriormente.Só que agora há toda uma cadeia de riscos, que podem darazo a vários males, intervindo o desemprego em interacção com outrosfactores percursores de doença (Mesrine, 2000).28

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