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Rachel Gouveia Passosque eu sou inteligente?’ ‘Não deixa nunca de vir aquiem casa.’ Eu achei uma coisa assim um pouco primária,sabe? Depois, o marido dela parou de trabalhar comigoe eu fiquei sabendo que ela estava doente lá no DoutorEiras de Paracambi. Aí, num Dia das Mães, há mais oumenos uns 9 anos, eu pedi de presente ao meu maridoque eu queria passar o Dia das Mães em Paracambi coma Fátima. Foram uns quinze dias direto indo para Paracambi,levando comida para a Fátima, para ver se elaficava melhor. Fizemos uma reunião com os vizinhos paraapostarmos na melhora, porque as crianças dela estavamsofrendo muito (...). Tirei a Fátima sob termo da Casa deSaúde Doutor Eiras junto com o marido, os vizinhos ajudaramfinanceiramente e eu a levei para o Hospital Dia ali no CPRJ,durante meses e nós conseguimos que os filhos dela tambémnão fossem para o orfanato. Tínhamos essa preocupação comas crianças (Diaz, 2008:145).Neste exemplo, notam-se práticas de “maternidadetransferida”, devido à ausência temporária da prestação decuidados a Fátima por sua família. Essa situação vai acarretarconsequências para a família, como, por exemplo, a quaseperda da guarda das crianças, a falta de dinheiro para pagaras contas e outras situações que fazem Lídia mover-se em proldo cuidado com Fátima e sua família. Nessa experiência, a proteçãoprimária se expressa em práticas, em geral ocultas, quese deslocam das relações familiares próximas para pessoas degrupos de convívio (Costa, 2002:302), que também naturalizamformas de cuidados.Outra personagem e precursora do Movimento da Luta Antimanicomial(MNLA) é Iracema Polidoro. A construção dos cuidados éparte das sociabilidades femininas, e as tarefas aí compreendidas sãoaprendidas nas relações sempre bastante complexas entre mulheres.Então era uma família. Eu tinha uma família dentro doFranco da Rocha. Quando elas me viam, todo mundo corriaatrás de mim. Eu sempre cuidando dela, dos piolhos,porque piolho, ela pegava piolho escandalosamente. ‘Euestou com piolho’. Eu trazia remédio. E um belo dia eufui domingo ela falou: ‘Ih, eu não estou bem.’ Uma gripeforte que deu numa época. ‘Ah, eu estou com uma gripe,estou com febre, estou com isso, estou com aquilo’. Aí eucatei lá um chá de... Por ali, arrumei umas folhas, fizemosum chá para ela, ela tomou e tal. Aí liguei, aí a menina:‘Ih, a Jenice ainda está meio febril’. Eu falei: ‘Puxa, tomouo chá...’ Quando foi na terça-feira de manhã aí recebo umtelefonema para ir urgente na Colônia que estava tendo umproblema e eu tinha que estar lá. Aí quando eu chego naColônia, eu entro no portão vem uma paciente. Agarrou-me echorou. Eu falei: ‘O que houve?’ ‘A Jenice está morta em cima112

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