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Carla LadeiraUma proximidade física e emocional, muito emboracom padrões de relação diferenciados dos hábitosocidentais. Em Moçambique e na África de modo geral,as mães carregam os filhos às costas, seguros porpanos (capulanas), que permitem uma liberdade demovimentos para trabalhar e sustentar a família. Destemodo as trocas oculares, “eye gaze” desenvolvem-se porcurtos períodos de tempo, associados à amamentação oubrincadeira. Com isto não se questiona a qualidade davinculação. Apenas se pretende um enquadramento social,onde fracas políticas de protecção social na maternidade,a elevada taxa de emigração dos homens em algumas provínciase a grande percentagem de famílias vivendo abaixodo limiar da pobreza, são factos reais.O processo dinâmico relacional, aparece centrado nasemoções e nos seus significados, procurando compreendere “definir” a emoção como um fenômeno mental, gerador eorganizador de todos os outros processos mentais, incluindo opensar, a linguagem e a actividade simbólica, afirma Leal (1995).As emoções, ou antes, os processos emocionais são elementosque a par da interação social com outros pares, interferemno desenvolvimento neuroanatômico dos recursos cerebrais.Assim, temos uma vivência social que interfere concomitantementecom o estado de saúde e bem-estar de cada indivíduo.Uma criança privada destas vivências entra num estado disruptivo,tanto psicológica como comportamental.A cultura moçambicana, assim como as demais no resto domundo, apresentam ritos e tradições que reflectem a importânciaatribuída à convivência social. Neste contexto o nascimento é umdos momentos de celebração da vida, para o qual uma família seprepara, desde que tudo corra bem. O estigma está por isso bemenraizado numa cultura de celebração da vida e da força que temdificuldade em a reconhecer numa criança que nasça com uma deficiênciamotora visualmente reconhecida. Perante esta frustração e comas ameaças que uma criança deficiente pode trazer à subsistência deuma família, assim se desenvolveram práticas de isolamento e rituaisque, aos olhos da sociedade ocidental são barbaridades contra os direitosfundamentais do ser humano.Nas primeiras fases de vida, o contacto com a pele materna tranquilizao bebê, que aos poucos vai desenvolvendo um mecanismo de autorregulação,onde traços da evolução da espécie asseguram que ao longodo tempo o ser humano privilegiou a conexão social e a cooperação como78