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Maria Engrácia LeandroAs desigualdades sociais nas sociedadesmodernasAs sociedades modernas são atravessadas poruma contradição fundamental. Sendo democráticas,preconizam a igualdade para todos, em todo o casonum registo considerado essencial como a igualdade dedireitos, das liberdades ou ainda das oportunidades e dascapacidades. Mais recentemente tem sido dado ênfaseparticular à democracia sanitária. Todavia, constroem,incessantemente, formas de organização social, mercadosde trabalho, comercialização dos bens, hierarquias dosméritos e das competências, reais ou forjados, tendentes aaumentarem as desigualdades sociais que, sobretudo desdeo último quartel do século XX, se têm acentuado. É o que R.Boudon (1977) classifica de « efeitos perversos ». Dá comoexemplo privilegiado uma política de igualdade perante aescolarização que, não tendo em conta a redução das desigualdadessociais a partir da base, muito dificilmente poderáatingir os objectivos da tão propalada igualdade escolar erespectivo sucesso (Boudon, 1979).Tocqueville (1993 [1850]) identifica a modernidade e osentido da história com o “triunfo obstinado da igualdade”.Contudo, esta igualdade não é uma pura igualdade real dascondições de vida, mas apenas a extensão de um princípio, oda igualdade dos indivíduos para lá das desigualdades sociaisreais. Retira-se daqui o princípio segundo o qual as sociedadesmodernas são igualitárias tão só na medida em que estendem odireito à igualdade de oportunidades, o que na realidade levantamuitas questões, na medida em que a correlação entre igualdade edesigualdade dos estatutos sócio-econômicos é bastante complexa.É que a igualdade de direito nem sempre se traduz em igualdade defacto, devido às consequências das estruturas sociais. A contradiçãodas desigualdades “reais” e da igualdade de princípio ignora tambémas condições efectivas dos enredos e o facto das desigualdades nãoforjarem apenas as diferenças inter-individuais, mas a reproduçãosocial, pois cada geração herda as desigualdades da precedente edificilmente poderá ultrapassá-las. De maneira geral, o encontro entrea igualdade e o mérito agem como se os indivíduos nascessem todosdotados das mesmas condições sociais, as mesmas capacidades ou asmesmas possibilidades de atingirem os seus objectivos e de realizaremas suas aspirações, o que não corresponde de modo algum à realidade.Olhando para estas realidades, constamos que as sociedades industriaise liberais preconizaram, progressivamente, a passagem da igualdadejurídica para a igualdade política e depois para a igualdade social,insistindo também na igualdade de direitos perante a saúde. Pelo menos,20

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