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Elsa Ramosna região. Além disso, quando o entrevistado relataa história dele, ele não fala de todos os lugares nosquais viveu. Faz uma seleção e é importante de compreenderporque certos lugares são evocados e outrosnão. Uma entrevistada 6 explica: « A terra de origem é ada infância e é aquela que me fez ser o que sou e talvezque me permite de apreciar o lugar onde moro agora ».Ela faz um vínculo entre os dois lugares. Este vínculo éimportante : os lugares não existem independentementeuns dos outros, eles se definem uns em relação aos outros.Percebendo isto, tive que transformar a questão dapesquisa. Decidi não fazer mais a pergunta em termos de« terra de origem » mas de ampliar a problemática procurandocompreender a questão das âncoras da identidade.A âncora se define pela mobilidade : num navio podemosviajar, chegar num lugar e botar a âncora para arrimar onavio durante um tempo, e quando o desejamos, levantara âncora para viajar novamente. Pelo contrário, a ideia de« terra de origem » reenvia a ideia de raízes, que me parecemuito rescrita. Se levarmos a imagem a sério, significa que araiz se corta ou então que se desterra para ser enterrada emoutra terra quando as pessoas se deslocam para se instalaremem outra região, dando a ideia de perca dum substrato inicial.E sobretudo parte dos entrevistados refutam a ideia de terem «raizes ».Passar da noção de « terra de origem » para a noção de «âncora » permite ampliar a questão de pesquisa e ir além de umaideia que põe o nascimento do indivíduo como existindo fora delepróprio: ligado à família, as gerações precedentes, ao « que já existia», ao passado. Consequentemente, vimos como o entrevistadorefuta a existência de uma terra de origem. Para ele, o indivíduo étambém « uma coisa individual ». A definição das origens dele estáem relação com uma concepção pessoal da construção do seu mundo.Ele explica: « Não tenho apego visceral a um lugar. Tenho apegoa outras coisas, a leituras, a músicas. É isso que me territorialisa, é porisso que sei de onde venho. Sei qual é a musica que ouço, o que vejo, oque faço. Sei onde estão os meus quadros (de pintura), onde eles estãoexpostos. Isso também é uma maneira de se territorializar, os objetos quecriei » Um ponto comum sobressai entre o discurso dele e o discurso daentrevistada que já evoquei: « a terra de origem é a infância e é aquelaque me fez ser o que sou e talvez que me permite de apreciar o lugaronde moro agora ». O ponto comum é a função identitária. A questãonão é compreender de onde se vêm, mas sim compreender “quem eusou”. Das entrevistas se destacam elementos significativos : lugares, casas,6Nasceu en 1968 em Dordogne, vêm para Paris em 1989, casada, um filho, aluna de graduação.36